Tom Hayden: a nova esquerda americana



Tom Hayden: a nova esquerda americana
(Realidade*)

 
  Tom Hayden em Berkley, 1969. Pelo fotógrafo: Robert Altman


"Meu maior medo é o de que a revolução comece enquanto eu estiver viajando de um lugar a outro do país". A frase pertence a Tom Hayden, de 29 anos de idade, doutor em sociologia, um dos mentores do levante negro na cidade de Newark, Nova Jersey, em 1967, o mais violento nos Estados Unidos, até hoje. Ele dirigiu também a tomada da Universidade Columbia, de Nova York, em 1968, e participou do confronto com a polícia de Chicago, no mesmo ano, durante a convenção do Partido Democrata. Em companhia do historiador Staughton Lynd, de Yale, foi um dos primeiros americanos a visitar o Vietnã do Norte. Escreveram juntos um livro, "The Other Side", contra a intervenção americana no Sudeste da Ásia. Quando o Vietcong ou o Governo de Ho querem libertar prisioneiros de guerra, não raro usam Hayden nas negociações, suas gestões são mais eficientes do que as do Departamento de Estado.

O poder de Hayden no meio universitário é incontestável. Pode parar qualquer campus no país. Influi ainda em alguns setores intlectuais e negros (que, em geral, dispõem de líderes próprios) Seu efeito sobre a sociedade, como um todo, parece pequeno. As instituições dos Estados Unidos entranharam, no nascimento, o direito à contestação, porque se baseiam no liberalismo do século XIX. Daí diluírem o impacto de movimentos radicais, dando-lhes garantias de expressão crítica e cobertura jornalística. Os reformistas ajudam a baixar a temperatura revolucionária, reduzindo o ativismo às apostas elitorais. A candidatura dos Kennedys, de Eugene McCarty e semelhantes diminui a cotação dos que advogam soluções de problemas "na marra". Prometem mundos e fundos por via pacífica, muito mais atraente e confortável para a maioria das pessoas. Dispõem de recursos propagandísticos inacessíveis a Hayden e similares. Os conservadores, por sua vez, ante a ameaça da Nova Esquerda, não ousam tomar atitudes reacionárias drásticas. Nessa correlação de forças, a política interna dos Estados Unidos termina, invariavelmente, no ponto de equilíbrio: o centro.

Revista Realidade - jun. / 1969. Nº 39




Bibliografia

The Trial - de Tom Hayden, 1970, o líder estudantil complementava os sonhos de Abbie Hoffman com uma crítica e um anseio: “Abbie é um pioneiro nessa luta, mas até agora sua Nação Woodstock é uma coisa puramente cultural, um estado mental partilhado por milhares de jovens. O estágio seguinte será transformar esta Nação de Woodstock numa realidade organizada, com suas próprias instituições revolucionárias e, já a partir de agora, com raízes em seu próprio território”.

 

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