Pioneiros da inteligência artificial se reencontram

Pioneiros da inteligência artificial se reencontram na Califórnia

New York Times

 

15 dez. / 2009 - O computador pessoal e as tecnologias que levaram à internet foram basicamente inventados nos anos 60 e 70, em três laboratórios de pesquisa de computadores ao lado do campus da Universidade Stanford.

Um laboratório, o Augmentation Research Center, de Douglas Engelbart, ganhou fama pelo mouse; um segundo, o Palo Alto Research Center, da empresa Xerox, desenvolveu o Alto, o primeiro computador pessoal moderno. Mas o terceiro, o Stanford Artificial Intelligence Laboratory (Sail), administrado pelo cientista de computação John McCarthy, obteve menos reconhecimento.

Isso pode ter ocorrido porque o Sail cuidou de um problema muito mais difícil: construir um sistema funcional de inteligência artificial. Em meados da década de 1980, muitos cientistas --tanto dentro como fora da comunidade de inteligência artificial-- haviam considerado o esforço como um fracasso. O panorama era mais promissor em 1963, quando McCarthy começou seu trabalho. Sua proposta inicial, feita à Agência de Projetos Avançados de Pesquisa do Pentágono, previa que construir uma máquina pensante levaria cerca de uma década.

Passadas quatro décadas e meia, grande parte do otimismo está de volta, estimulado pelo rápido progresso em tecnologias de inteligência artificial --e essa sensação ficou tangível no mês passado, quando mais de 200 dos cientistas originais do Sail se reuniram no William Gates Computer Science Building para uma reunião de dois dias.

Durante seus primeiros dez anos, os pesquisadores do Sail embarcaram em um conjunto extraordinariamente rico de desafios técnicos e científicos --que continuam nas fronteiras da ciência da computação, incluindo visão de máquina, manipulação robótica, linguagem e navegação.

Em 1966, o laboratório assumiu residência nas Montanhas de Santa Cruz, atrás de Stanford, em uma construção inacabada que havia sido projetada para uma empresa de telecomunicações.

A atmosfera, entretanto, não era nada conservadora. O movimento antiguerra e a contracultura estavam em pleno impulso, e o laboratório refletia as visões políticas amplamente disparatadas e a desordem da época.

McCarthy era um comprometido esquerdista, que iria gradualmente mudar para a direita durante a década de 60; Les Earnest, vice-diretor do laboratório, que havia trabalhado na inteligência do governo, mudaria para a esquerda.

Os alunos de graduação logo descobriram o sótão do edifício e instalaram residência ali. Earnest encontrou uma maneira esperta, conhecida na comunidade da inteligência artificial como um hack, de pagar por uma sauna no porão do prédio.

Como muitos dos jovens pesquisadores eram fanáticos pelo "Senhor dos Anéis", de Tolkien, eles criaram uma fonte especial no idioma dos elfos e a usaram para identificar escritórios como locais da Terra Média.

Os cientistas e engenheiros que trabalharam no laboratório formam um extraordinário 'quem é quem' no mundo da computação.

História

McCarthy cunhou o termo "inteligência artificial" nos anos 50. Antes de se juntar ao Sail, ele desenvolveu a linguagem de programação LISP e inventou a abordagem de compartilhamento de tempo para computadores. Earnest projetou o primeiro verificador de ortografia e é merecidamente descrito como o pai das redes sociais e blogs --por sua contribuição do comando de dedo, que tornou possível dizer onde estavam e o que estavam fazendo os usuários de computadores do laboratório.

Entre outros, Raj Reddy e Hans Moravec seguiram para inovar em reconhecimento de fala e robótica na Universidade Carnegie Mellon. Alan Kay trouxe seu computador portátil Dynabook primeiro para a Xerox PARC, depois para a Apple.

Larry Tesler desenvolveu a filosofia da simplicidade em interfaces de computadores, que viriam a definir o visual e funcionamento das telas dos computadores modernos da Apple --o que é chamado de interface gráfica do usuário, ou GUI (na sigla em inglês).

Don Knuth escreveu os textos definitivos sobre programação em computadores. Joel Pitts, estudante de Stanford, transformou uma versão do jogo de computador Space War no primeiro videogame operado por fichas --que foi instalado na cafeteria dos alunos na universidade--, meses antes de Nolan Bushnell fazer o mesmo com um Atari.

O geneticista vencedor do Nobel Joshua Lederberg trabalhou com Edward Feigenbaum, cientista da computação, em um dos primeiros esforços para aplicar técnicas de inteligência artificial na criação de softwares que agissem como um tipo de especialista médico.

John Chowning, musicologista, referiu-se ao Sail como uma "morada socrática". Ele era convidado a usar o computador central do laboratório tarde da noite quando a demanda estava leve, e seu grupo acabou sendo pioneiro na síntese FM, uma técnica para criar sons que transforma a qualidade, ou timbre, de uma simples forma de onda em um som mais complexo (a técnica foi descoberta por Chowning em Stanford, em 1973, e posteriormente foi licenciada à Yamaha).

O laboratório se juntou ao departamento de ciência da computação de Stanford em 1980, reabriu em 2004, e hoje experimenta um renascimento. Sua trajetória pode ser vista no progresso feito desde 1970, quando um pesquisador da graduação programou um robô para seguir automaticamente uma linha branca sob condições controladas de iluminação em 0,8 milhas por hora.

Trinta e cinco anos depois, uma equipe de pesquisadores de inteligência artificial de Stanford equiparia um Volkswagen Touareg chamado Stanley com lasers, câmeras e um conjunto de poderosos computadores --para rodar de forma autônoma por 131 milhas de estradas montanhosas na Califórnia, a uma velocidade média de 19,1 milhas por hora, e ganhar 2 milhões de dólares no Darpa Grand Challenge de 2005, um concurso de veículos robotizados.

"Hoje nós somos um cidadão de primeira classe com alguns dos mais novos avanços no campo", disse Sebastian Thrun, roboticista e diretor do Sail, que era um dos líderes da equipe do Stanley.

A reunião também deu a dica do que está por vir. Durante um simpósio na reunião, diversos dos pesquisadores atuais do Sail exibiram um impressionante vídeo, chamado "Caos", feito com o projeto Stanford Autonomous Helicopter. Um exercício sobre o conhecimento das máquinas, o vídeo mostra um helicóptero modelo realizando uma incrível série de manobras impossíveis a um piloto humano.

A demonstração é especialmente arrebatadora porque o sistema-piloto inicialmente aprendeu com um piloto humano, e depois foi capaz de estender aquelas habilidades. Mas inteligência artificial? Essa ainda é uma questão aberta. Em 1978, McCarthy escreveu: "A inteligência artificial no nível humano pode exigir 1,7 Einsteins, 2 Maxwells, 5 Faradays e 3 Projetos Manhattan".

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