PRESSÃO SOBRE ISRAEL (GUGA CHACRA, 2021)

A mesquita Hasayna (C) e o porto da cidade de Gaza - AFP

MUNDO

ISRAEL FECHA ZONA DE PESCA EM GAZA APÓS LANÇAMENTOS DE FOGUETES

AFP - 26/04/21 - 05h27

O exército de Israel fechou nesta segunda-feira (26) a zona marítima da Faixa de Gaza, após os lançamentos de foguetes a partir do território palestino contra o Estado hebreu nos últimos dias.

As autoridades israelenses fecharam a zona marítima “por completo até nova ordem”, anunciou em um comunicado o Cogat, órgão vinculado ao ministério da Defesa e responsável pelas operações civis nos Territórios Palestinos.

“Esta decisão foi tomada em resposta à continuidade dos lançamentos de foguetes a partir da Faixa Gaza contra o território israelense durante a noite”, afirmou o Cogat.

Internacional

NETANYAHU PEDE CALMA, MAS ISRAEL VOLTA A TER NOITE VIOLENTA E DISPAROS DE FOGUETES

Por confrontos em Jerusalém Oriental, Hamas dispara foguetes da Faixa de Gaza contra território israelense

Redação, O Estado de S.Paulo - 25 de abril de 2021 | 19h54

JERUSALÉM - Disparos de foguetes da Faixa de Gaza em direção a Israel foram retomados na noite de sábado, após uma pausa de algumas horas, apesar das ameaças de líderes israelenses de retaliação. As tensões em Jerusalém com confrontos entre palestinos e a polícia israelense e grupos judaicos de extrema direita – mesmo após os pedidos de calma do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu – provocaram a violência mais pesada na fronteira entre Israel e Gaza em meses.

Militantes dispararam um foguete contra a cidade de Sderot, no sul de Israel, e foi interceptado por defesas aéreas, disseram os militares. No início do dia, militantes na Faixa de Gaza tinham disparado cerca de três dúzias de foguetes contra Israel, enquanto os militares israelenses contra-atacaram alvos operados pelo grupo que controla Gaza, o Hamas.

A chuva de foguetes ocorreu após centenas de palestinos entrarem em confronto com a polícia israelense em Jerusalém Oriental. Os confrontos, nos quais pelo menos quatro policiais e seis manifestantes ficaram feridos, se tornaram uma ocorrência frequente durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, que começou há duas semanas.

Netanyahu disse que conversou com altos funcionários de segurança sobre Gaza e Jerusalém. Ele disse que instruiu as autoridades a estarem prontas para “todos os cenários” em Gaza. Em Jerusalém, ele disse que Israel garantiria “liberdade de culto” para todos e pediu calma. “Pedimos agora que as pessoas obedeçam à lei e eu peço um apaziguamento de temperamentos de todos os lados.”

Jerusalém, lar de locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, há muito é um ponto crítico no conflito israelense-palestino. Em 2014, tensões semelhantes explodiram em uma guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas.

Em Jerusalém Oriental, um setor palestino ocupado e anexado por Israel, as tensões começaram quando a polícia colocou barricadas fora do Portão de Damasco, na Cidade Velha, um dos principais meios de acesso à Esplanada das Mesquitas e onde os muçulmanos tradicionalmente se reúnem para aproveitar a noite após o jejum diurno feito durante do Ramadã.

Os confrontos se intensificaram na noite de quinta-feira, quando centenas de palestinos atiraram pedras e garrafas contra a polícia, que disparou um canhão d’água e bombas de gás para dispersá-los. Dezenas de palestinos ficaram feridos na confusão. Ao mesmo tempo, um grupo judeu de extrema direita conhecido como Lahava liderou uma marcha gritando “saiam os árabes!” em direção ao Portão de Damasco.

O grupo, liderado por um discípulo do rabino racista Meir Kahane, é aliado de alguns integrantes de um partido de extrema direita eleito para o Parlamento de Israel no mês passado.

A demonstração de força veio em resposta aos vídeos que circularam no TikTok mostrando palestinos batendo em judeus religiosos aleatoriamente. Outros vídeos feitos em resposta a esses parecem mostrar judeus atacando árabes.

Ao todo, a polícia disse que 44 pessoas foram presas e 20 policiais ficaram feridos.

As barricadas foram removidas na noite deste domingo do Portão de Damasco e palestinos celebraram a reabertura do local. A tensão, porém, continuava alta com bate-bocas entre agentes e jovens, além de algumas prisões./AP, AFP e EFE

PRESSÃO SOBRE ISRAEL

GUGA CHACRA
política internacional

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York, Guga Chacra é colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews e da TV Globo nos Estados Unidos

QUAL O IMPACTO DA ACUSAÇÃO DA HUMAN RIGHTS WATCH PARA ISRAEL?

Por Guga Chacra

27/04/2021 • 21:18

 Aeronaves israelenses sobrevoam Jerusalém durante as celebrações do Dia da Independência | Emmanuel Dunand/AFP

Quem acompanha o conflito entre israelenses e palestinos sabe que existe uma tríade na qual Israel não pode ser ao mesmo tempo judaico, democrático e ter todo o território. Para ter uma maioria judaica e ser democrático, é necessário que haja um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Caso queira ter todo o território e continuar uma democracia, Israel teria de conceder cidadania a todos os palestinos dos territórios (solução de um Estado). A terceira alternativa seria manter um Estado judaico e em todo o território, o que implicaria um Estado de Apartheid.

Em um relatório publicado nesta terça, a Human Rights Watch, que talvez seja a mais reconhecida entidade de direitos humanos do mundo, acusou Israel de já implementar uma política de Apartheid e de perseguição aos palestinos, no que seriam crimes contra a humanidade. Trata-se de uma acusação fortíssima a Israel, que sempre buscou se mostrar como a nação mais democrática do Oriente Médio, onde todos os demais países, com a exceção do Líbano, são governados por ditaduras (o Líbano tem um complexo sistema sectário).

Para maiores detalhes sobre o relatório da Human Rights Watch, recomendo a leitura neste link. Israel respondeu afirmando que o relatório do grupo defensor dos direitos humanos é falso e ainda acusou a entidade de adotar uma agenda anti-israelense e promover boicotes ao país.

No caso de Israel e Palestina, a discussão sobre esta questão será eterna, com diferentes pontos de vista. O certo, no entanto, é que, Benjamin Netanyahu não se importará muito com a acusação da Human Rights Watch. Sua preocupação neste momento é lidar com seus processos por corrupção na Justiça israelense e tentar formar uma nova coalizão de governo.

Esta postura de Netanyahu tende a satisfazer uma parcela da população israelense. Mas Israel precisa reavivar o campo pró-paz, que chegou a ser dominante nos ANOS 1990. Pouco antes da pandemia, almocei em Nova York com Yossi Beilin, um dos arquitetos dos acordos de Oslo. É um israelense de um tempo em que ainda se podia sonhar com a paz. Quando Israel era liderado por figuras como Yitzhak Rabin, engajados em negociações com os palestinos. De um tempo que dá saudades. Sem pessoas pensando assim, no lado israelense, será extremamente complicado resolver o conflito. Claro, no campo palestino, é necessária uma renovação da liderança, com novas vozes dispostas a conversar. O Hamas é uma organização terrorista e o presidente Mahmoud Abbas, do Fatah, está mais do que ultrapassado — abordarei em detalhes a política palestina em outro post.

Infelizmente, não creio que uma coisa nem outra tende a acontecer. Israel deu uma guinada para a direita e simplesmente os incentivos para fazer concessões aos palestinos são muito baixos. No lado palestino, há uma fragmentação política e risco de as eleições marcadas para este ano serem adiadas. A tendência é a manutenção do status quo, sem a criação de um Estado palestino.

Sou defensor de uma solução de dois Estados. A Palestina seria na Cisjordânia, com o fim da ocupação, e na Faixa de Gaza, com o fim do bloqueio. Jerusalém seria uma municipalidade unificada, continuando como capital de Israel. A sede da Presidência palestina seria na parte Oriental da cidade, com a administração seguindo em Ramallah. Os habitantes de Jerusalém Oriental poderiam optar por qual nacionalidade quisessem. Os principais blocos de assentamento próximos à fronteira pré-1967, como Ma’ale Adumim, ficariam sob soberania israelense. Os assentamentos dentro da Cisjordânia passariam para a soberania palestina, com seus habitantes judeus tendo direito à cidadania palestina ou podendo viver como residentes com a cidadania israelense. O Estado palestino poderia ser desmilitarizado nos moldes da Costa Rica, com uma bem treinada força policial. Os refugiados poderiam voltar para o futuro Estado.

Neste cenário, tenham certeza, Israel seria uma das democracias mais admiradas do mundo, sem acusações de ser Apartheid. Os palestinos teriam a sua nação, que poderia ter todos os incentivos para ser democrática. Enfim, não custa sonhar. Admiro pessoas como Yossi Beilin, um verdadeiro defensor da paz.

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