Paul McCartney - 'Flaming Pie', pequenos prazeres da profissão

'Flaming Pie'
por Antônio Celso Barbieri

 
No dia 05 de maio de 1997, a EMI lançou oficialmente em Londres o novo álbum de Paul McCartney chamado Flaming Pie.

Faziam 4 anos que Paul não nos brindava com suas criações musicais. Já pelo título que foi inspirado na "mitologia beatleniana", percebia-se que se tratava de uma volta às raízes. Eu sei que tem gente que vai correndo dizer que o homem vem voltando às raízes em todos os álbuns, mas, acreditem-me, este é um álbum solo muito especial, onde o ex-beatle toca a maior parte dos instrumentos sozinho e, ocasionalmente, é acompanhado por um punhado de amigos e familiares.

Metropolis Studios

Um pouco antes, no dia 15 de abril, fui convidado para, em Londres, no Metropolis Studios, que talvez seja depois do lendário Abbey Road um dos mais famosos estúdios de gravação da Inglaterra, ouvir em primeira mão o novo álbum. Foi interessante ver que, mesmo sem o Paul presente, o lugar estava lotado e curiosamente deu para notar que todo mundo tinha caprichado na roupa e penteado os cabelos. Atitude bem diferente de outras coletivas onde o pessoal da imprensa não está nem aí, mais parecendo um bando de gaivotas esfomeadas. Quer dizer, estava claro que tinha gente presente que não gostava deste tipo de música mas que, inegavelmente não tinha como não deixar de mostrar um certo respeito.
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Enquanto a moçada comia e bebia ao som do novo álbum, eu preferi aproveitar o tempo para diplomaticamente levar um papinho com a Louise Veys, chefe do Departamento de Imprensa Internacional da EMI. Louise então, perguntou-me o que estava achando do álbum. Disse-lhe que era muito bom, uma volta às raízes. Ela então me pegou pelo braço e levou-me até um senhor. Pediu-me que lhe repetisse o que tinha acabado de dizer. Naturalmente, eu obedeci e fui retribuído com um agradecimento acompanhado de um aperto de mão. Então, discretamente, eu perguntei para a Louise quem era aquele senhor.

Ela olhou para mim, desculpou-se e apresentou-me oficialmente para Geoff Baker, o empresário do Paul McCartney. Tudo indica, eu era o único que não conhecia o homem de vista. Só sei que, de repente, quando dei por mim, estava na frente de uns 50 repórteres internacionais, entre o chefe do Departamento de Imprensa Internacional da EMI e o empresário do Paul no meio de um bate-papo informal. Dava para ver no rosto de alguns repórteres aquela expressão tipo posso fazer uma perguntinha? Pequenos prazeres da profissão :-)
Flaming Pie
 
Bem ao estilo do seu primeiro álbum lançado em 1970 chamado McCartney, em Flaming Pie Paul buscou o retorno à simplicidade nas gravações. Ele recentemente tinha trabalhado na elaboração do The Beatles Antology e não escondeu ter sido influenciado pelo som da sua antiga banda de Liverpool. É ele mesmo quem se explica: Eu terminei The Beatles Antology com uma vontade danada de fazer música. A Antologia foi muito boa para mim porque ela lembrou-me do padrão dos Beatles, do nível de qualidade que nós alcançávamos com nossas músicas. Quer dizer, de certo modo, foi algo refrescante que determinou o direcionamento deste álbum.
A maior parte das 14 músicas foram compostas por Paul durante os últimos 2 anos e muitas foram feitas durantes férias e passeios e, já no estúdio, Paul procurou finalizá-las rapidamente. Paul esclarece: "É realmente um álbum feito em casa. Eu tinha tempo sobrando e não estava programado para gravar um disco mas, as canções começaram à aparecer e eu não tinha como pará-las. Quer dizer, eu fiz estas canções por puro prazer sem um trabalho em mente. Entretanto quando chegou a hora de ir para o estúdio, eu quis fazer tudo bem rápido porque não queria chatear-me com o tempão que normalmente leva-se no processo de gravação. A Antologia fez-me lembrar do tempo que nós não tomávamos para gravar um álbum e também do prazer e de como era divertido quando gravávamos um. Então, eu tentei recapturar um pouco disto".
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Flaming Pie mostra Paul trabalhando novamente, em combinações diferentes e em diferentes músicas, com seus amigos Ringo Star, George Martin, Jeff Lynne e Steve Miller. O álbum também conta com a participação de Linda McCartney e marca a estréia de James, o filho do casal, tocando guitarra principal na balada "Heaven on a Sunday". O primeiro single lançado, traz a música "Young Boy", uma balada tipicamente Paul & Wings quem na minha opinião, não espelha o álbum como um todo, eis que o mesmo, no geral, é bem variado e passa por uma série de estilos onde cada música tem sua qualidade própria, recebendo uma vasta e salutar gama de influências que passam pelo blues (com bons solos de guitarras), rock, folk, rock'n'roll e, é claro como não poderia faltar, dos Beatles.

 
Antonio Celso Barbieri
 
 
 
 
 
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Nota: Escrito por Antonio Celso Barbieri para revista Dynamite Magazine.
Esta matéria foi publicada na edição número 27 de junho de 1997.

FLAMING PIE

FLAMING PIE
01. THE SONG WE WERE SINGING
02. THE WORLD TONIGHT
03. IF YOU WANNA
04. SOMEDAYS
05. YOUNG BOY
06. CALICO SKIES
07. FLAMING PIE
08. HEAVEN ON A SUNDAY
09. USED TO BE BAD (Steve Miller/Paul McCartney)
10. SOUVENIR
11. LITTLE WILLOW
12. REALLY LOVE YOU (Paul McCartney/Richard Starkey)
13. BEAUTIFUL NIGHT
14. GREAT DAY??Todas as músicas escritas por Paul McCartney exceto as anotadas.
CRÉDITOS
PAUL McCARTNEY -- lead vocal, harmony vocal, electric guitar, acoustic guitar, bass guitar, double bass, harmonium, drums, piano, percussion, 12 string acoustic guitar, Spanish guitar, Hammond organ, knee slap/percussion, Fender Rhodes, harpsichord, vibraphone, mellotron, percussion effects, Wurlitzer piano.
JEFF LYNNE -- harmony vocal, electric guitar, acoustic guitar, keyboard, electric spinette harpsichord.
Dave Bishop -- baritone saxophone.
Chris "Snake" Davis -- saxophone.
James McCartney -- electric guitar solo (8)
Linda McCartney -- backing vocals, all photography.
Steve Miller -- backing vocal, electric guitar, rhythm guitar, lead vocal.
George Martin -- orchestration.
Kevin Robinson -- trumpet.
David Snell -- conductor.
Ringo Starr -- drums, backing vocal, additional percussion.
Keith Pascoe, Jackie Hartley, Rita Manning, Peter Manning, Marcia Crawford, Adrian Levine, Belinda Bunt, Bernard Partridge, David Woodcock, Roger Garland, Julian Tear, Briony Shaw, Jeremy Williams, David Ogden, Bogustav Kostecki, Maciej Rakowski, Jonathan Rees -- violin.
Christian Kampen, Martin Loveday, Anthony Pleeth, Stephen Otron, Robert Bailey -- cello.
Peter Lale, Levine Andrade, Robert Smissen, Stephen Tees, Philip Dukes, Ivo Van Der Werff, Graeme Scott -- viola.
Andy Findon -- alto flute.
Martin Parry, Michael Cox, Susan Milan -- flute.
Gary Kettel -- percussion.
Skaila Kanga -- harp.
Roy Carter, David Theodore -- oboe/cor anglais.
Michael Thompson, Richard Bissill, Richard Watkins, John Pigneguy, Nigel Black -- french horn/horns.
John Barclay, Andrew Crowley, Mark Bennett -- trumpet.
Richard Edwards, Andy Fawbert -- trombone.
Chris Laurencem, Robin McGee -- double bass.
Geoff Emerick -- engineer.
Jon Jacobs -- engineer.
Bob Kraushaar -- engineer.
Marc Mann -- digital sequencing.
Mark Lewisohn, Geoff Baker -- sleevenotes.
The Team -- design.
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