'FOI TÃO ROCK 'N' ROLL': COMO UM SHOW NO VARSITY STADIUM DE TORONTO PODE TER SEPARADO OS BEATLES

By Nick Krewen Special to the Star

Sat., Dec. 17, 2022https://www.thestar.com/

Um novo filme documenta o  em SETEMBRO DE 1969, a primeira aparição da banda Plastic Ono com John Lennon, Yoko Ono e Eric Clapton … e depois houve o incidente da galinha de Alice Cooper.

Foi o evento que marcou o fim dos Beatles - e aconteceu aqui em Toronto há MAIS DE MEIO SÉCULO.

John Lennon nem fazia parte da programação original do TORONTO ROCK 'N ROLL REVIVAL, um festival de concertos que celebra os antepassados do gênero com os pioneiros Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Bo Diddley e Gene Vincent compartilhando o mesmo palco do Varsity Stadium em 13 DE SETEMBRO DE 1969.

Mas o show não estava vendendo, apesar da presença da realeza do rock, e mesmo com concessões modernas como Alice Cooper, Chicago e The Doors completando o projeto, os promotores John Brower, Ken Walker e Thor Eaton estavam procurando uma ajuda financeira. Banho no evento, com 20.000 lugares ainda a serem adquiridos.

Conforme documentado no novo filme de Ron Chapman, REVIVAL 69 – que estreia no sábado no Hot Docs com um painel que inclui Brower, Chapman, o guitarrista do Doors Robby Krieger e o extraordinário baixista do Rush Geddy Lee, que estava no show – as coisas estavam parecendo extremamente sombrio até que Brower fez um telefonema em pânico para o escritório da Lennon's Bag Productions, convidando um dos Beatles mais populares para apresentar o show que apresentava muitos dos heróis musicais nativos de Liverpool.

Brower, co-fundador do clube Rockpile de Toronto e a primeira pessoa a trazer Led Zeppelin, The Doors e The Who para a cidade, não podia acreditar na resposta de Lennon.

“Quando conversei com John, ele disse que só viria se eles pudessem tocar”, Brower disse ao Star durante uma entrevista por telefone ironicamente conduzida no aniversário do assassinato de John Lennon em 1980 e no aniversário do falecido vocalista do Doors, Jim Morrison.

“E eu disse: ‘O quê? Os Beatles?” E ele disse: “Não, eu e Yoko (Ono, a namorada inextricável de Lennon). Vamos formar uma pequena banda”.

Depois que Brower concordou apressadamente, Lennon disse que teria os nomes dos membros da banda para que o promotor pudesse reservar passagens de avião e informar a imigração.

“Ligue amanhã e teremos os nomes para você”, disse ele a Brower, que então foi direto com o copromotor Walker para a estação de rádio 1050 CHUM para compartilhar as boas notícias. Faltavam apenas 48 horas para o horário do show e Brower sabia que o poderoso sinal da estação ajudaria muito a promover a causa.

Exceto que a personalidade CHUM não acreditou nele e - com Brower não fornecendo nenhuma prova concreta - jogou a dupla para fora do prédio.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, Lennon estava montando um coletivo desorganizado para acompanhá-lo no avião: o futuro baterista do Yes, Alan White; e o associado dos Beatles e artista Klaus Voormann no baixo disseram que sim.

Mas de acordo com uma história relatada no documentário, ninguém tinha ouvido falar do guitarrista.

Quando chegou o dia da partida para Toronto, Lennon disse a seu assistente, Anthony Fawcett, que ele e Ono não estavam se sentindo bem e apenas enviariam flores para o show... até que Fawcett recebeu a notícia de que Eric Clapton havia concordado em ser parte da banda.

De repente, Lennon mudou de tom e o combo foi para o aeroporto de Heathrow.

Amparado pela notícia, Brower teve a presença de espírito de gravar a conversa confirmando a aparição de Lennon no ROCK 'N ROLL REVIVAL em fita cassete e voltou para o CHUM com novas evidências em mãos.

CHUM o rejeitou novamente.

“Quando liguei e só consegui falar com Anthony no dia seguinte, CHUM disse: 'Não vamos comprar isso, é um cara com sotaque falso'”, lembrou Brower.

Quando Lennon chegou a Heathrow em sua limusine pintada com paisley para embarcar no avião, ele deu uma coletiva de imprensa improvisada anunciando sua iminente aparição em Toronto e a confirmação do jornal de repente fez de CHUM um crente.

“CHUM, eles imediatamente assumiram o crédito por isso - é claro, eles estavam promovendo o show - e disseram: 'Este é um CHUM mundial exclusivo!'” Brower riu. “Isso fez com que 10.000 pessoas viessem correndo e lotassem o estádio. Eles negaram, mas no último minuto, quando perceberam que era um fato, eles não pararam de promovê-lo no minuto em que a fita chegou à redação.”

Enquanto isso, os cinco músicos - que nunca haviam tocado juntos antes - passaram o voo ensaiando com instrumentos acústicos na fila de trás do avião e elaborando um set list.

Depois que o avião pousou na pista do Aeroporto Internacional Pearson De Toronto, Lennon foi recebido por um representante do sindicato de músicos e assinou um contrato de US$ 265.

“Se ele recebeu ou não aqueles $ 265, eu não sei”, admitiu Brower, que então levou Lennon e Ono para uma limusine que foi escoltada até o local pelos Vagabonds, uma gangue local cujo líder Ed “Edjo” Leslie emprestou ao promotor $ 25.000 para garantir as portas para o evento.

A apresentação que se seguiu marcou a estreia ao vivo da Plastic Ono Band, com o grupo improvisado apresentando uma apresentação que incluía clássicos do rock como "Blue Suede Shoes", "Money (That's What I Want)” e “Dizzy Miss Lizzy;” os Beatles “Yer Blues” e as estreias ao vivo de “Cold Turkey” e “Give Peace a Chance”.

Uma observação: em sua autobiografia de 2007, “Clapton”, o guitarrista conhecido como “Deus” disse que sua compensação pela festa foram “alguns desenhos de John, que infelizmente perdi com o tempo”.

Qualquer que fosse o impacto de Lennon em fazer o show em Toronto, sua decisão era definitiva: uma semana depois de retornar a Londres, ele informou ao resto dos Beatles que estava deixando o grupo.

O TORONTO ROCK 'N ROLL REVIVAL ACABOU COM OS BEATLES?

“Acho que não, não”, disse Brower. “Acho que os Beatles estavam prestes a se separar. Acho que John está recuperando seu encanto no palco e sentindo como era tocar; sentindo como era ser John Lennon com uma escolta de 100 motocicletas, acho que deu a ele uma visão de muitas possibilidades em potencial e ele simplesmente decidiu, naquele momento, que tinha poder. Ringo foi citado dizendo que quando John e Eric voltaram de Toronto, os Beatles haviam acabado.

“Talvez essa tenha sido a gota que quebrou as costas do camelo, mas certamente não acho que deveríamos nos documentar como destruindo os Beatles, não mais do que Yoko seria acusada disso.”

O set seguinte marcou a estreia ao vivo da Plastic Ono Band, com A estreia ao vivo da Plastic Ono Band, que ostentaria uma formação fluida nos próximos anos, não foi a única notoriedade que o festival ROCK 'N ROLL REVIVAL proporcionou o público. Houve o incidente da galinha Alice Cooper, onde foi relatado de forma imprecisa em todo o mundo que o roqueiro havia arrancado a cabeça do galo com uma mordida e bebido seu sangue. A verdadeira história é que de alguma forma uma galinha acabou sendo jogada no palco e quando Cooper a jogou de volta para o público, a pobre ave foi despedaçada pela multidão.

“Eles tiveram uma grande carreira como resultado do exagero daquele incidente com o frango”, lembrou Brower. “Alice assinou contrato com a gravadora de Frank Zappa (Bizarre). Na manhã seguinte, havia rumores por toda parte e Frank ligou para o hotel e disse: 'Alice, isso é incrível! Estamos recebendo ligações de todo o mundo. Você vai ter que falar com as pessoas e precisa dizer: 'Sem comentários' se perguntarem se você mordeu a cabeça de uma galinha.'

“Foi o que Alice fez e colocou mais gasolina no fogo.”

A performance notável dos pioneiros do rock que foram amplamente relegados ao circuito lounge - Diddley, Vincent (apoiado pela Alice Cooper Band), Lewis, "Little Richard" Penniman e Berry, apoiado por uma banda em ruínas de músicos de Toronto que incluía o Nucleus os pilares Hughie Leggat no baixo e Danny Taylor na bateria, cuidando de si mesmos, já que Berry nunca deu a eles um set list - elevou seu perfil ao nível em que eram rotineiramente oferecidos abertura e slots de festival daquele ponto em diante.

E para o cineasta Chapman, foi a chance de percorrer pilhas de filmes do evento filmados pelo lendário documentarista Donn Allen (D.A.) Pennebaker, conhecido por crônicas musicais como DON'T LOOK BACK, de 1967, com Bob Dylan, e de 1968 MONTEREY POP.

De acordo com Chapman, Pennebaker tinha grandes esperanças em SWEET TORONTO, seu documentário de 1971 sobre o renascimento do Rock 'N Roll.

“O filme foi um fracasso total e levou ele e sua empresa à falência na época”, disse Chapman, que contratou Pennebaker como produtor executivo de REVIVAL 69, disse em outra entrevista por telefone. "Ele esperava que este filme fosse seu maior sucesso, maior do que DON'T LOOK BACK e MONTEREY POP. Ele pensou que este seria seu sucesso de bilheteria e foi exatamente o oposto."

Chapman disse que Pennebaker, que morreu durante a produção deste documentário em 2019, ficou tão desanimado com a perda que “ele jogou todas essas coisas em caixas – não devidamente catalogadas – e foi para a (empresa de armazenamento) Iron Mountain”.

Chapman finalmente convenceu Pennebaker a dar-lhe acesso às filmagens - e ficou chocado com o que descobriu.

“Quando finalmente pegamos as caixas, encontramos cerca de duas horas de filmagens em Super-8 que nem foram processadas”, disse ele. “Eu processei isso junto com outras coisas de 16 mm: foram cerca de 60 horas de filmagem de 16 mm pelas quais passei.”

Muitas dessas filmagens inéditas foram inseridas em REVIVAL 69, uma espécie de evolução para Chapman, que dirigiu um elogiado documentário de 2013 sobre outro promotor de shows nascido em Toronto, WHO THE F --- IS ARTHUR FOGEL”

Chapman disse que dirigiu REVIVAL 69 pelo mesmo motivo de FOGEL.

“É uma grande história canadense com apelo e impacto internacional”, explicou Chapman. “Arthur foi indiscutivelmente o cara mais importante no mundo da música – ele fez as 10 melhores turnês de todos os tempos – e ninguém no Canadá e ninguém no mundo sabia quem ele era. Eu queria divulgar isso para o Canadá porque não celebramos os nossos o suficiente ou não sabemos o suficiente sobre eles.

“Eu queria fazer este filme de rock porque, novamente, é uma história canadense – um dos eventos mais importantes da história do rock aconteceu aqui em Toronto – e ninguém sabe sobre isso, a menos que você seja um membro da indústria da música ou um fã dos Beatles. Simplesmente se perdeu.”

REVIVAL 69 é uma narrativa fascinante sobre um festival que teve sucesso apesar dos constantes obstáculos que continuamente ameaçavam sua existência até a hora do show - e Chapman reconheceu que um evento semelhante baseado no acaso não poderia ser realizado no clima de negócios mais reservado de hoje.

“Estes são tempos tão diferentes”, disse Chapman. “Que jovem de 22 anos vai pegar o telefone dois dias antes de um festival e ligar para um dos maiores nomes do entretenimento e pedir para ele tocar no último minuto? Essa ligação nunca poderia acontecer nos dias de hoje. Isso nunca aconteceria no mundo corporativo consciente da marca de hoje.

“Era tão rock 'n' roll: John Lennon estava ansioso para chegar lá e tocar de novo e por capricho disse: 'Claro, vamos lá.'

“Não é assim que os shows acontecem hoje em dia. Não é assim que os programas são financiados. O que Brower fez nunca aconteceria no mundo de hoje e é tão revigorante ver. É como uma cápsula do tempo: assim que começa, você é jogado para trás e entende o que era fazer negócios naquela época.

“Foi um momento incrível na história do rock.”

REVIVAL 69 está sendo exibido no Hot Docs de 18 a 22 de dezembro e de 27 a 29 de dezembro, e no Fox Theatre de 20 a 22 de dezembro. Será em VOD a partir de 3 de janeiro de 2023 e irá ao ar no Crave em fevereiro.

NK

Nick Krewen é um colaborador freelancer baseado em Toronto para o Star. Entre em contato com ele por e-mail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.