O ROQUEIRO, STING, NO GUARÁ 2, NO ANO DE 1989

toda história nem sempre é lenda urbana e nem sempre contamos os detalhes. No passar da história, as pessoas mudam de lado. Para mim, encontrar Sting, a poucos dias antes de sua apresentação na Human Right Tour/Show, da Anistia Internacional – turnê de maior fôlego, passando por inúmeros países e contando com a presença de Peter Gabriel, Tracy Chapman, Sting e Bruce Springsteen. No Chile, a turnê foi proibida pelo ditador Augusto Pinochet. Foi dádiva. A turnê foi tão importante que a Head Collection, imprimiu camisetas e foi vendê-las em São Paulo. Memória rock ainda roll

sting

Lenda surbanas

STING NA 32!
Assim que vi Sting, peguei o seu autógrafo.
Outra vez, eu sofria de desemprego. Pela manhã, no repetido bate-papo. Waldemar, o vizinho, disse: “Onde anda o Raoni, anda o Sting...”.
Sting e Raoni e mais um séquito da Funai caminhavam pelo comércio QE 32, no Guará 2, comprando frutas e verduras.
Foi só olhar o tamanho do nariz do superstar e aquelas roupas de alpinista que, num pulo da cadeira, subi as escadas e procurei pelo disco dele. Alcancei-o no meio da praça e estendi o disco zerado. Resumidamente, entendi que ele disse: “Nada como o bussiness, um disco meu aqui...”.

Em poucos instantes, uma multidão cercou Sting... O pessoal do Bar Esperança, perguntava se eu sabia falar (falava) inglês...

Os seguranças dançaram. A multidão avançou na capa do disco e borrou o autógrafo. Do material de construção, Casarão, os vendedores correram com dois pedaços de durex e eu colei na capa. Por um bom tempo, fiquei conhecido como o “Fã que reconheceu Sting...” e a QE 32 que não precisava de motivos, fez festa.

Eu experimentei uma reação da plateia mais quente em relação a mim do que a ele. Ao descobrir Sting, a praça toda de dia em dia de semana, caiu em cima dele. Serginho Vagabundo, perguntou a meu pai:– O Mário fala inglês? Meu pai, respondeu que não sabia. Os meninos do material de construção; Casarão avançaram em minha direção, pegaram doi spedaços de durex e fixaram em cima do autógrafo de Sting, que assina numa da spernas pulando no palco. Mário: – Você tinha disco do The Police? Jamais tive, só ouvia na rádio e na Tv. Até agora, eu quero o LP Synchronicity. Depois, contarei como Sting veio parar na quadra da QE 32. no Guará em q989 e quem me deu o toque: "Onde anda Raoni, anda Sting." 

AMARELO-FUÍCA
O prof. Adolpho Fuíca tem uma edição histórica primorosa do fato de Sting ao lado de Raoni, serem duas estrelas que visitaram o Guará, e nós presenciamos. E, nas noites frias nos bares, a história revigora. Apesar da atenção de estrela pop a Sting, Fuíca demonstrou que sabíamos dos perrengues que os índios passavam.

"ONDE ANDA RAONI, ANDA STING..."


1989 – Agarrado à capa do disco, larguei em disparada gritando: “Mr. Gordon! Mr. Gordon!”. Ele virou e me olhou e eu vi que a cor de seus olhos, ideada por mim, fosse o azul. Logo fake da minha imaginação. Caí na real: os olhos de Sting eram verdes (verde-metálico de carro de luxo). Outra lenda: ele não estava com os jeans cortados na altura dos joelhos, usava roupa de alpinista, cor militar da bermuda e do tênis de cano alto. E olhava para o mundo ao redor sem óculos. Era perto das onze. Em inglês macarrônico: “Please, please, give a time!”. Eles na vizinhança do Police responderam algo com som bastante familiar: “Ah, vocês são brasileiros, então entendem!”. Fiquei sem entender mais ainda. A comitiva da Funai (as mais lindas estagiárias-universitárias) escoltava o cantor. Sting abraçava o auge do sucesso, tinha filmado, e lançara um terceiro disco, onde aparece num close em preto e branco luxuoso bem diferente daquele cara vestido de maneira acessível. Ainda macarronicamente em inglês: “Please can you sign my record?” Sting respondeu: “Nada como o show business, um disco meu aqui”.

Naquela manhã, no repetido bate-papo. Waldemar Kill, o vizinho, disse: “Aonde anda o Raoni, anda o Sting...”.
O cacique Raoni deu um afetuoso abraço no professor Fuíca, que imediatamente teve a impressão de um dejà vu: “Já vi aquele cara!”. Fuíca não acreditava que o ídolo das capas de discos estava tão próximo.
Sting e Raoni foram ao Sacolão do Rui, na QE 32, para comprar frutas e verduras. O superstar só come frutas durante o dia, como algumas espécies de passarinhos silvestres. Serviram-se, então, de bananas e goiabas e voltaram à chácara dos índios caiapós perto da linha do trem.
Duas estrelas que visitaram o Guará, e nós presenciamos. Nas noites frias, nos bares, a história revigora. Apesar da atenção de estrela pop dedicada a Sting, Fuíca demonstrou que sabíamos dos perrengues que os índios viviam.

NA 24 DO GUARÁ, FORTUITAMENTE NO BAR PONTEKIN DO LINCON
Felippe CDC descia do coletivo e arrastava o pedestal pelo asfalto. Ali eu via a poesia daqueles fanzines frescos, feios e sujos; iam tocar no Bar do Lincon – um sábado? Ou domingo? Ou tanto faz. Cécé, que caminhava como se estivesse nas nuvens, apareceu como um personagem de Conan Doyle, fumando cachimbo e de short. Daí o apelido Canela.
Na QE 24 do Guará, fortuitamente, encontrava Cécé no Bar Pontekin do Lincon. De forma educada, Cécé perguntou ao menino: “Posso tocar um blues na guitarrinha?" A resposta foi outra interrogativa: "Tocar o quê?” Foi a senha para que um blues de tempestade de Stevie Ray Vaughan explodisse as paredes.
Depois do rápido e inesperado e mortal solo, perguntei:
– Cécé a guitarra era boa?
– Não, o amplificador!
Cécé desaparecia como personagem de Agatha Christie!
Ah, para completar a história. Nessa época apareceu um bar concorrente na área do Guará 2. Durou pouco. A fumaça que subia lá era avistada de longe.

A PEDRA DO GÊNESIS NO BURACO DA SOLA DO SAPATO
A serigrafia usada na divulgação, em cartazes, transformou-se em adesivo para que o underground se reaglutinasse.
Final da década de 80
No Guará, Geraldo, Joel, Sandro, Ricardinho e Eli, na Pedra (a passarela entre o Conic e o CNB, um dos points mais movimentados de Brasília), vendiam camisetas com estampas de rock, punk, blues, reggae. Lá Zezinho Blues passava as tardes soprando sua gaita e suando sob o sol tinindo escaldando.
Eles, então, passaram a peregrinar pelo país. Do lado de fora dos estádios, eles vendem camisetas no Morumbi, no Hollywood Rock, no campo do Palmeiras, pasme!, na Human Right Tour/Show, da Anistia Internacional – turnê de maior fôlego, passando por inúmeros países e contando com a presença de Peter Gabriel, Tracy Chapman, Sting e Bruce Springsteen. No Chile, a turnê foi proibida pelo ditador Augusto Pinochet.
O Show dos Paralamas do Sucesso cancelado em BH – Hebert Vianna quebrou o pulso. Primeiro show do Sepultura em Brasília, no Gran Circo Lar. Primeiro Festival de Blues do Brasil em Ribeirão Preto. New Order, no Maracanãzinho (RJ). A extensa turnê d’As Quatro Estações, da Legião Urbana, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas-SP (turnê que não visitou Brasília), e estrelas dos 60’s como Jethro Tull.
No princípio, as camisetas eram vendidas como Coleção Cabeças. Quando se esconderam atrás das vitrinas de loja, viraram Head Collection – podiam ser encontradas no Conic, QG das novas lojas e tribos do cerrado. As fitas-demo comandavam a cena underground da cidade.
No Guará, nesse momento - bandas e artistas saem das garagens para os bares, Point Pomtekim, Elo Cultural e Bar do Afonso. Lá Rumores de Garagem, Política do Êxtase, Nefelibatas, Trappus e Farrappus, Durangos da América, Clones de Ludwig, Mahatma, Death Slam, Cabeloduro, Marssal e Anno Domini se apresentam. Ainda Podrão e Solução Final, Warehouse of Fable, Substitutes, Lacrima, Concreto DF, Lincon Lacerda, Manon e o vozeirão do Jeová. Os guitarristas Cécé, Miro Ferraz e Tex. E as cantoras: Célia Porto, Deusa Barakat, Euda e Isaberg.
Despedida de Raul
O último show de Raul Seixas foi no Ginásio Nilson Nelson, no dia 12 de agosto de 1989. Ao lado de Marcelo Nova, cantaram praticamente todas as músicas do inédito disco: A Panela do Diabo. Cantaram também "Maluco Beleza", "Metamorfose Ambulante" e "Cowboy Fora da Lei”, que não eram do disco com quem vinha fazendo longa turnê pelo país. Justo em Brasília, foi o 50º show e a principal atração do 2º Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (Flaac), promovido pela UnB.
Muita gente confunde o último show (este no Ginásio Nilson Nelson) com outro que Raulzito fez no mesmo ano, no Gran Circo Lar, uma arena que ficava no terreno onde hoje é a Biblioteca Nacional, em frente ao antigo Touring (atual Rodoviária do Entorno). Um público de 3 mil pessoas recebeu o ídolo com devoção. Aos 43 anos, Raul evidenciava sinais de esclerose precoce. Movimentava-se com dificuldade, amparado por Marcelo Nova. Sua voz soava trêmula, cansada, ao interpretar canções autobiográficas e confessionais. A turnê gerou o LP de estúdio – hoje clássico –, A Panela do Diabo, lançado dois dias antes da morte de Raul, no dia 21 de agosto daquele ano.
Os zines de Fellipe CDC e as camisetas do pioneiro, Nonato Natinho, perduram até hoje!

 

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