John Densmore, ex-baterista do Doors, odiava caráter destrutivo de Jim Morrison

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Na semana passada, a dupla sobrevivente dos Doors John Densmore e Robby Krieger se reuniram com convidados para um show beneficente em Los Angeles

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JOHN DENSMORE, EX-BATERISTA DO DOORS, EM NOVO LIVRO, DIZ QUE ODIAVA CARÁTER DESTRUTIVO DE JIM MORRISON

Por Redação / https://reverb.com.br/artigo/john-densmore-ex-baterista-do-doors-prepara-livro-sobre-a-banda-e-diz-que-odiava-carater-destrutivo-de-jim-morrison


09 jan. / 2020 – John Densmore nunca teve papas na língua quando o assunto era Jim Morrison — o vocalista dos Doors, banda na qual Densmore tocou bateria desde a formação original, em 1965, até a primeira dissolução, em 1973. “Psicopata”, “lunático” e “a voz que me instigava o terror” foram alguns dos adjetivos que o baterista reservou a Morrison nas décadas após a morte do cantor, em 1971. Densmore nem se dignou a ir ao enterro de Jim e levou três anos para visitar o túmulo do ex-companheiro em Paris.

 “Se eu odiava Jim?” retrucou o músico, hoje coms 75 anos, em uma entrevista recente ao jornal inglês "The Guardian". Depois de uma pausa, Densmore retoma: “Não. Eu odiava seu caráter autodestrutivo. Era um kamikaze, morreu aos 27 anos. O que mais se pode dizer?” O baterista lembra que chegou a pressionar os outros membros do The Doors – Ray Manzarek (1939-2013), teclados, e Robbie Krieger, guitarra – para abandonarem as turnês, antes da morte do vocalista.

“Algumas pessoas queriam manter a ‘máquina’ funcionando. Eu pensava: ‘Espera aí. E se não lançarmos um próximo álbum?’ Talvez ele tivesse sobrevivido”, teoriza Densmore. “Mudei de ideia a respeito dele com o tempo. Ele teria sobrevivido, teria deixado de beber. Por que não? Ele era esperto. Eu levei anos para perdoar Jim. E agora eu sinto muito a falta dele, e especialmente de seu talento.”

doors 1   Em 2020, Densmore é um dos últimos sobreviventes da cena musical que ajudou a construir. Desde a morte de Morrison, ele se tornou não apenas um dos guardiões da história dos Doors, mas também o mais dedicado protetor do legado do vocalista. Desde o começo da década de 2000, Densmore veio batalhando na justiça para impedir que tanto o falecido Manzarek quanto Robbie Krieger usassem o nome dos Doors em novas turnês. E também impediu o uso da canção “Break on Through” em um comercial dos automóveis Cadillac na TV (pelo suposto valor de US$ 15 milhões).

   “Sim, eu processei meus ex-companheiros de banda. Sou LOUCO?”, berrou Densmore na entrevista ao jornal inglês. “Mas é isso aí, o fantasma de Jim está sempre nas minhas costas. Meus joelhos chegaram a tremer quando eles (a Cadillac) aumentou a oferta de US$ 5 milhões para US$ 15 milhões. Mas eu não podia. Em minha mente, só havia uma resposta: ‘Break on Through’ em um comercial de SUV devorador de gasolina? Não!”

   No fim das contas, o baterista não apenas venceu a causa, como também escreveu um livro a respeito do episódio, cujos lucros foram doados para o movimento Occupy, que promove manifestações públicas contra a desigualdade econômica global. “Dinheiro é como fertilizante”, diz o músico. “Se você o espalha por aí, as coisas crescem; se apenas o acumula, ele só vai feder.”

   Mesmo demonstrando essa sensibilidade diante de complexos temas sociais, Densmore soa frio e pragmático ao meditar sobre vida e morte, depois de ter perdido tantos amigos para os excessos típicos da década de 1960. Relembrando outro companheiro derrotado pelas drogas – Tom Petty, morto de overdose de opioides em 2017 – ele diz: “Perdê-lo doeu muito, ainda dói. Talvez seja mais nobre morrer numa droga dum hospital, todo entubado. Parece horrível dizer isso, mas pelo menos a pessoa conclui a jornada, em vez de pular fora antes da hora.”

   Testemunha do auge da era psicodélica na Califórnia, o baterista conta que nunca se perdeu na estrada dos excessos. “Eu não conseguia ficar o tempo todo chapado de LSD, então passei a fazer meditação. Era um meio de entrar em uma realidade separada”, diz Densmore. “Experimentei cocaína nos anos 70 e 80, mas nunca foi minha droga favorita. ‘Droga’... eu odeio até a palavra. Fiquei chocado quando a heroína se tornou realmente popular. Até mesmo Jim sabia que era uma droga ‘séria’. A heroína te fazia esquecer de tudo, e aquilo me assustava.”

   Comparado aos outros três membros dos Doors, Densmore sempre foi o “caretão”. Não embarcava nas obsessões literárias e cinematográficas dos companheiros e admitia ter ciúme da atenção que Jim recebia... especialmente do público feminino. “Claro, ora. Eu era um baterista que acabara de sair da adolescência, com a cara cheia de espinhas. Lembro de que quando saiu o primeiro álbum da banda (The Doors, 1967), eu pensei: por que o rosto do Jim ganhou tanto destaque? Provavelmente não teria vendido tão bem se fosse a minha cara em primeiro plano!”

   Autor de uma autobiografia best-seller (“Riders on the Storm”, 1990) que deu base ao roteiro do filme The Doors, de Oliver Stone, Densmore prepara o lançamento de mais um livro. “Será sobre meus encontros com outros músicos, cada capítulo trará um artista diferente que me inspirou”, diz. Na lista, Ravi Shankar, que o ensinou a tocar tabla, e encontros com Patti Smith e Bob Marley. “Escrever se torna mais fácil quando se chega aos 75. Tenho meu próprio ritmo. Não quero desrespeitar Jim e seus 27 anos, mas os meus planos são de longo prazo”, avisa.

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