2000: BOB DYLAN O POETA DA AMÉRICA AO VIVO

O Poeta da América ao vivo

Bob Dylan reafirma vocação de estradeiro e cruza o país deslumbrando as plateias


Albuquerque, Estados Unidos – Bob Dylan, o menestrel lendário da América, trouxe sua música na sexta-feira à noite a Mesa Del Sol, estado do Novo México, num anfiteatro à beira do deserto, que recebeu oito mil pessoas. Durante duas horas, sob uma lua crescente, ele apresentou 17 músicas em interpretações longas e cheias de emoção, entre um rock cru e números acústicos com gaita que são sua marca.
Com seus cabelos desalinhados, terno preto, camisa azul, gravata prata e botas em preto e branco, Dylan, 59 anos, era a própria imagem do trovador dos anos 60. Acompanhado por Charlie Sexton (guitarra), Larry Campbell (guitarra), Tony Garnier (baixo) e David Kemper (bateria), ele começou com seis números acústicos, incluindo “Love Minus Zero”/”No Limit”, “Tangled Up in Blue” e “Master of War”, uma evocação dos tempos da Guerra Fria.
Que a música de Dylan é relevante mesmo após quatro décadas, ficou evidente pela reação dos fãs. “Ele é um clássico, está imune ao tempo. Ele não tenta se mostrar, mas acaba fazendo isso porque é tão bom,” diz Rebecca Dupont, 27 anos, de Boulder Colorado. Quando Dylan e banda tocaram o primeiro número elétrico “Country Pie”, eles já tinham conquistado a plateia, que reunia três gerações distintas, entre os fãs de primeira hora e aqueles que ele foi conquistando ao longo dos anos.
Paul Wride, que veio de Salt Lake City par o show disse que “Dylan é o poeta americano.”
Ele tocou versões enérgicas de “Down The Flood”, “The Drifter” e “Leopard Skin Pill Box Hat”, com Dylan dando uma demonstração de grande habilidade em solos de guitarra. Dylan praticamente não dá entrevistas e raramente fala durante seus shows. Em Mesa Del Sol, ele pronunciou algumas palavras enigmáticas: “Gostaria de dar um alô para a presidente do nosso fã clube territorial daqui, a senhorita Linda Lou... parece que alguém a arrastou daqui, gostaria muito que voltasse!” O único senão do show foi uma derrapada da banda no meio de “She Belongs To Me”, rapidamente corrigida.
No final, depois de longa e ruidosa ovação, os músicos voltaram para apresentar o creme de La creme: “Like A Rolling Stone” (que ele tocou no Brasil com os Rolling Stones em 1998), “Mr. Tambourine Man”, “Highway 61 Revisited” e “Blowin In The Wind” com uma harmonia de três vozes. A abertura dos hows está a cargo da banda de Phil Lesh, ex-baixista do Grateful Dead. “Dylan sempre foi um dos meus heróis artísticos por seu trabalho e pela constante releitura em tons diferentes de sua música. Eu tento fazer o mesmo,” diz Lesh.
Dylan já lançou 43 LPs, vendeu mais de 50 milhões de discos e entrou para o Hall da Fama do Rock’n’Roll em 1994. Ao longo dos anos, a obra de Dylan foi dissecada por inúmeros acadêmicos que deram interpretações diversas às suas letras, da teologia judaica ao zen budismo, além de comparações com Shakespeare, Keats e T.S. Elliot. Mas no palco a maioria de suas canções tem um recado direto, como “Like A Rolling Stone”, sobre uma dondoca que viu seu mundo de luxo desabafar e agora precisa lutar por cada refeição: “Once upon a time you dressed so fine / Threw bums a dime in your prime / Dind’t you? / (...) Now you don’t talk so loud / Now you don’t seem so proud / What about having to be scrounging for your next meal? / How does it feel to be on your own / like a complete unknown / With no direction home / Like a Rolling Stone.”
Em “Tangled In Blue”, ele faz uma observação sobre sua vida comparada com a de conhecidos de priscas eras. “Some are mathematicians / Some are carpenters’ wives. But me, I’m still on the Road / Heading for another joint.” (JB, 31 jul. / 2.000)

Jaqueta de um ídolo

A Sotheby’s londrina vai leiloar hoje uma psicodélica jaqueta verde, com imagens de dragões, flores e paisagens, que pertenceu a Jimi Hendrix, morto há 30 anos. Avaliada em cerca de US$ 28 mil, a peça foi presente do guitarrista a um amigo que ele visitou em Londres pouco antes de iniciar sua turnê britânica, em 1967. (JB, 19 set. / 2.000)

Bloco na Rua
Sérgio Sampaio ganha biografia

Anjo torto de carreira enviesada, curta e contundente, Sérgio Sampaio brilhou nos anos 70 como compositor de uma só canção (o que era injusto com ele): a marcha “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua” foi o grande sucesso (embora não tenha sido premiada) do Festival Internacional da Canção, em 1972, e virou grito de desabafo. Era marcha de estrutura musical simples e letra direta. Mas dava margem para dupla interpretação: eram os anos rígidos da ditadura militar. É a história desse capixaba que se conta – claro – em Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua – A Biografia de Sérgio Sampaio, livro de estréia do pesquisador Rodrigo Moreira (Ed. Muiraquitã, 188 páginas fecha ciclo de homenagens ao compositor, que mereceu disco-tributo, há dois anos – O Balaio do Sampaio, do qual participam fãs famosos: Chico César, João Bosco, Zeca Baleiro, Luiz Melodia e Eduardo Dusek. A biografia é enxuta, objetiva, mas traz equívocos e observações por vezes discutíveis. (Correio Braziliense, 19 set. / 2.000 – escritor por A.E.)

 

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