Revitalização

Revitalização
(Fernando Naporano*)

Depois do vazio dos anos 70 veio o punk, os wavers, os experimentalistas, e aqueles que decidiram revitalizar ou transfigurar a pop music. Em um dos aspectos revivalistas, nasceram os neopsicodélicos. Em âmbitos e condições diferentes, Londres, dessa vez, é a grande meca psicodélica. Em finais de 1982, explodem os primeiros sintomas. Os cabelos estão compridos, mas lavados. Algumas batas, colares e brincões já são vistos sem preconceitos. Os estampados retornam; só que ao invés de terem uma salada de cores, apenas duas ou três, sendo que as estampas são idênticas às de 1967. Revisitam as antigas tendências literárias (beats), pensam no amor como um dos últimos estágios de sobrevivência. Recriam comunidades, contudo não há encantos com a droga. Por meio de letras e entrevistas, é fácil afirmar que 80% dos neopsicodélicos não usufruem das drogas.

Os pioneiros a arriscarem este revival tiveram uma ótima aceitação por parte da imprensa e público. Siouxsie and The Banshees abandonaram os hábitos darks, empastelaram-se de cores e visões, gravaram Dear Prudence, dos Beatles, e lançaram o álbum A kiss in the dream house. O Psychedelic Furs consolida as propostas pré-psico dos anos anteriores. The Glove (formado por Steve Severin e Robert Smith) recuperam a essência psicodélica em sua totalidade, contudo extraem uma avançada tecnologia nas gravações. As lendas do Incredible String Band são levadas a sério por Elizabeth Frazer e Robin Guthrie, que formam o Cocteau Twins. O Teardrop Explodes despede-se pintando sintentizadores e atirando papoulas. O Modern English vicia em mitos e compõe uma filosófica liturgia lisérgica.

A onda atinge os Estados Unidos. O Fuzzstones faz um som idêntico ao The Fugs, e The Dream Syndicate, ao Velvet Underground. A histeria e a adolescência ficam a cargo, respectivamente, do Nomads e do Three O’Clock. O saudoso Jefferson é lembrado pelos Nightmares, o Thirteen Floor Elevators pelo molequíssimo The Vamps.

Em Londres, de 84 para cá, o movimento foi fortificado , pois grupos de renome como Echo and Bunnymen (no LP Ocean Rain), The Cure (em The Top), e a carreira solo de Julian Cope (ex-Teardrops num misto de glitter com Syd Barrett) fazem suas aplaudidas investidas. Surge Nile, um andarilho 100% ripão. E mais grupos, definitivamente fantásticos, como Biff Bang Pow, Strawberry Switchblade, Flowerport Men, Jesus and Mary Chain, Dead Can Dance, Frankie Chickens, Mal Deutschland, Marc Rilley and The Creepers, Danse Society, que atingem avassalador sucesso nos charts independentes. Projetos foram lançados, ou seja, elementos de grupos citados, uniram-se para formarem os chamados grupos-projetos, soberanos em regravações e self expression. São eles: This Mortal Coil (membros do Cocteau, Dead Can Dance, Howard Devoto), Wolfang Press (Dead Can Dance, Cocteau, SPK) e Cyndtalk (Modern English, T.M.C.), que figuram como os primordiais ”.

*Folha de S. Paulo, 14 abr. / 1985.

 

 

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