George Borowski sabe todos os acordes (2011)

'He knows all the chords'

gborowski Conheça George Borowski, o 'Guitar George' de 'Sultans of swing', que acabou de passar pelo Brasil
 Publicada em 20/05/2011 às 08h10m

  por Liv Brandão

 RIO - No palco da apresentação do Teenage Fanclub no Whisky Festival, semana passada, estavam Norman, Raymond, Gerard, Francis e Dave. Mas alguns empolgados da plateia dos shows do Rio e de São Paulo insistiam em gritar por outro nome. Era um tal "Geooorge!" para cá, "Geooorge!" para lá, até que solucionou-se o mistério. George não é o título de nenhuma canção da banda escocesa e sim George Borowski, o roadie - ou melhor, o técnico das guitarras - que acompanha os músicos. Mas como alguém que ocupa uma função tão desprezada pelo mundo conseguiu tamanha notoriedade? A resposta é simples e surpreendente: Mr. GB é o lendário "guitar George", aquele que "sabe todos os acordes". Sim, o senhorzinho grisalho e embecado que fazia graça enquanto arrumava um set de pedais ganhou seu passaporte para a eternidade musical ao ser citado no hoje clássico Sultans of swing, do Dire Straits.

 Além de ser muso inspirador do hit que arremessou a banda de Mark Knopfler ao panteão dos grandes grupos de rock do final da década de 70, Borowski acumula uma sólida e extensa carreira de serviços prestado à música. Na maior parte do tempo, o multiinstrumentista trabalha na equipe apoio das mais diversas bandas. E ele joga nas onze: organiza a aparelhagem, afina as guitarras, faz participações especiais tocando de um tudo, distribui toalhas e garrafas d'água, ajuda a (gentilmente, sempre) retirar os fãs que insistem em invadir o palco e, de vez em quando, até abre os shows. Seu portfolio inclui, além do Teenage Fanclub, nomes como Pixies, Meat Loaf, Tina Turner, Neil Young, R.E.M. e Radiohead. Tão desconhecida quanto interessante, sua trajetória no ramo começou muito antes de seu insólito encontro com o Knopfler.

 - Eu estava tocando com minha banda, The Out, e abrimos para um grupo ainda pequeno, o Dire Straits. Mark então veio dar uma olhada na minha guitarra, um velho pedaço de madeira, e elogiou o som que eu tirava dela. Ele fez o show e seguiu com a turnê. Então, Mark se tornou mundialmente famoso e o resto, como sabemos, é história - brinca o músico de 61 anos em entrevista ao GLOBO por e-mail direto de seu retiro em Macclesfield, uma cidadezinha ao sul da Manchester inglesa, onde vive com a mulher e a filha. - Meses depois daquele show, recebi um telefonema de um amigo que dizia: 'está tocando uma música no rádio que tem um verso sobre você'. Ainda acho que Sultans of swing foi escrita antes de a gente se conhecer, mas o mito foi crescendo, crescendo e, por mais que eu negue, maior ele fica. De qualquer forma, Mark Knopfler foi e continua sendo excelente guitarrista e compositor - elogia, cheio de modéstia.

Mesmo estando na ativa desde a infância, na década de 60 - quando começou cantando ópera e a puberdade o empurrou para o rock 'n' roll, distanciando-o do DNA familiar (ele é sobrinho-neto do compositor clássico russo Sergei Rachmaninov) - Borowski só foi gravar seu primeiro disco solo, "The bait", em 1988 e, de lá para cá, lançou apenas cinco registros oficiais, recheados de canções power-popcom melodias para bater o pézinho e refrões grudentos.

- Essa demora para lançar um disco meu se deu, provavelmente, porque a maioria dos artistas que começou a fazer sucesso em Manchester naquela época se baseavam no humor. Talvez minha abordagem fosse apaixonada demais e estivesse fora de sintonia com o mercado local - explica. Seu The Out chegou a lançar um single, Who is innocent, apontado por publicações especializadas como "NME" e "Melody Maker" e pelo lendário radialista John Peel (responsável pela revelação de nomes como Led Zeppelin, The Clash e The Smiths), como um dos melhores singles do já distante 1979. A pequena, mas valiosa repercussão, mexe com o amor que George demonstra ter pelo que faz. - Quinze anos depois, agradeci a Peel por tocar a música do The Out tantas vezes e ele me perguntou qual era o nome. Quando eu disse o título, ele respondeu dizendo que era uma grande canção. Fico muito feliz por alguém tão respeitado e que, literalmente, tocou milhares músicas ter se lembrado da minha! - completa.

" Uma das desvantagens de trabalhar com outros artistas é que sua própria carreira pode sair do radar e algumas pessoas do meio passam a te ver como apenas um roadie, de forma pejorativa. Mas eu me considero muito sortudo por poder me apresentar, cantar, escrever e ainda trabalhar com meus amigos. O que mais eu posso querer? "
Bem humorado, Borowski não tira o sorriso do rosto ("é a forma de comunicação mais rápida que eu conheço depois da música") nem quando o confundem com um mero assistente de palco, apesar não usar o combo camiseta preta e boné surrados, uniforme de 99% da classe.

- Não posso me ofender quando me chamam de roadie, pois é justamente o que eu faço quando estou trabalhando para outras bandas - diz, sincero.

Mas o músico admite que nem tudo são flores no exercício da função.

- Uma das desvantagens de trabalhar com outros artistas é que sua própria carreira pode sair do radar. E algumas pessoas do meio passam a te ver como apenas um roadie, de forma pejorativa. Mas meus fãs nunca vacilam, porque eu faço o melhor para contar a minha verdade. E essa paixão e sinceridade acabam disparando alarmes em uma indústria que nem sempre é construida sob os alicerces do hype e da aparência. Me considero muito sortudo por poder me apresentar, cantar, escrever e ainda trabalhar com meus amigos. O que mais eu posso querer? - comemora.

O músico, que aproveita os intervalos entre uma turnê e outra para finalizar seu próximo álbum com banda The Fabulous Wonderfuls, esteve no Brasil anteriormente acompanhando o Teenage Fanclub em sua primeira passagem por aqui, em 2004, e fez até um show solo em São Paulo. Como todo gringo gente boa, ele se derrete em elogios ao país e à cultura brasileira.

- É um lugar muito bonito e deslumbrante. E as pessoas me parecem cheias de paixão pela vida e pela música, dançando e sorrindo o tempo todo... Eu amo isso!

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/05/19/conheca-george-borowski-guitar-george-de-sultans-of-swing-que-acabou-de-passar-pelo-brasil-924497423.asp#ixzz1NUmPyf00
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