Zé Brasil, co-fundador da Space Patrol ataca novamente!

Zé Brasil, co-fundador da Space Patrol ataca novamente!
Aniversário de São Paulo a 25 jan. / 1974. À esquerda em meia-face, Coquinho, futuro baixista da
Patrulha do Espaço, no palco, Arnaldo, Zé Brasil e Marcelo Aranha
Foto: Sue Cunningham
Zé Brasil (na foto ao centro) além de músico é formado em arquitetura desde 1972 e nesta década, ele apresentou algumas pessoas chaves na vida de Arnaldo Baptista: o baterista Rolando Castello Jr e Martha Mellinger.
Zé Brasil conhece Os Mutantes desde os tempos das apresentações deles no programa "Divino Maravilhoso" e naquele dezembro de 1968, meia hora depois de Caetano "dançar", ele acabava de chegar ao prédio do baiano na avenida São Luís. "Nesse ponto sempre tive muita sorte", ele também conhecia Antonio Peticov desde os tempos da boate "Ponto de Encontro" na mesma avenida São Luís.
"A Cantareira sempre foi um lugar especial: naquela época, ao mesmo tempo Rita Lee & Tutti-Frutti ensaiavam na casa do Serginho que mantinha uma formação variada dos Mutantes e a Space Patrol ensaiava na casa do Arnaldo. Rolavam muitas jams com Serginho, Liminha, Lee Marcucci e algumas vezes eu tocava a viola caipira". (Zé Brasil)
"Todos os arranjos do 'Lóki?' foram ensaiados por nós, me arrependo-me de ter saído da banda e não ter gravado essa obra-prima. Alan Klaus sugeriu o nome Space Patrol, ele era um guitarrista alemão que havia trabalhado na sonorização de Woodstock, eu tocava a bateria e Arnaldo fazia o baixo nos pedais do hammond. Arnaldo possuía moto e um capacete nazista. Não sei como não morremos várias vezes no jeep do Arnaldo com ele dirigindo: uma das últimas tentativas de apresentação da Space Patrol morreu nas curvas invertidas da Serra quando a caminho de São Lourenço batemos a Variante carregada de instrumentos, na guitarra já estava Marcelo Aranha". (Zé Brasil).
"Nesse dias da Space Patrol, ainda em 1973 ou 1974, o Arnaldo Baptista me deu uma letra para musicar. Foi um momento mágico quando achei o manuscrito nos meus guardados de estimação. Imagine um Rock da Cantareira em pleno terceiro milênio? Uma dica: fala de cabelos dourados, jipe, baby doll de jersey, discos voadores, sonhos, amor e reis do rock'n'roll". (Zé Brasil).
— Quais suas lembranças da estréia ao vivo da Space Patrol?
O que o recorte diz a respeito do show no Ibirapuera? está ilegível
R: — Ninguém queria abrir o show e sobrou para mim, o velho roqueiro, cantor e violeiro Zé Brasil, recém chegado de uma viagem pelos States, onde peguei muita carona (Miami/New York/San Francisco) e toquei bastante como street musician e em alguns bares e coffee-houses de Frisco. Tudo correu bem e o jornal Folha da Tarde destacou a performance e a boa aceitação da minha música raiz-urbana. O show da Space Patrol foi anárquico com o maestro Arnaldo desregendo tudo o que havia sido ensaiado e a turma da Cantareira, composta por dealers e freaks, cantando e dançando alucinadamente no embalo aleatório dos teclados do Mutante-Loki?, da guitarra do Marcelo Aranha e da minha batera Pinguim incrementada com pratos e tambores importados que trouxe da América. Antes e depois, Rita Lee e outras bandas entreteram o público com suas ensaiadas e produzidas apresentações. Na matéria da Folha não é citada a aparição da Space Patrol talvez para preservar a imagem do Arnaldo que até então nunca tinha proporcionado um espetáculo tão desconcertante, para dizer o mínimo. A matéria tambem destacou o grande número de participantes e algumas das atrações do memorável evento apresentado pelo lendário Magnólio, que também promoveu a melhor apresentação do Arnaldo & Space Patrol no show de Aniversário da Cidade em janeiro de 1974 no mesmo Parque do Ibirapuera, que reuniu, segundo a imprensa, mais de 25.000 pessoas e conseguiu congestionar o trânsito no entorno do Parque, principalmente na região do emblemático monumento das Bandeiras.
— Como a sua formação profissional ajudou a reformar os estúdios? Você delineava os rumos do som do Space Patrol e naquela época Arnaldo já se mostrava fiel ao som das válvulas?
R: — A arquitetura fez comigo a mesma coisa que com outros artistas e músicos da época: abriu a cabeça para as diferentes possibilidades da nossa tão reprimida vida em meio a opressão ignorante e violenta da Ditadura Militar. Na prática ajudou a transformar, por exemplo, a edícula da minha casa na Padre João Manuel em estúdio e suíte para curtir o início da minha apaixonada vida com minha musa, cantora e companheira Silvia Helena que graças a Deus, está completando 30 anos em 17 de novembro de 2005.
Os ensaios da Space Patrol eram diários, todos colaboravam nos arranjos e nós curtíamos demais a inspiração e o sentimento do Arnaldo que sempre aparecia com alguma música nova para a banda detonar toda manhã. O Rock da Cantareira, que acabo de compor, é fruto permitido dessa fase maravilhosa da "Patrulha Espacial" que, por ser tão forte, sobrevive, com identidade própria, muito drive e personalidade nas baquetas e palhetas da "Patrulha do Espaço" do meu vizinho, rock idol, irmão e compadre Júnior.
O Arnaldo, assim como o mago Cláudio César, sempre foi obcecado por tecnologia, além de válvulas, baixas frequências e instrumentos Gibson. Que eu me lembre ele tocava órgão Hammond com pedaleira e caixa Leslie, clavinet, sintetizador Moog, piano acústico e o lendário Mellotron, que como algumas violas caipiras, era difícil de afinar.
— Como você introduziu o baterista Rolando Castello Jr e Martha Mellinger na vida do Arnaldo? Você tem contato com Daniel Mellingher?
R: — O Júnior eu me lembro bem. Como já citei, ele era meu amigo, vizinho e o baterista mais rock-show que eu conhecia: ele literalmente botava fogo na bateria. Daí a coisa mais natural era recomendá-lo para o Arnaldo pois eu já estava na onda do Apokalypsis. Além disso o Arnaldo tinha uma bateria Ludwig de dois bumbos que ele tinha trazido dos States, se não me engano, e servia como uma luva para o estilo hard'n'heavy do Juninho.
Nessa época, acho que o Arnaldo ensaiava e vivia com a Martha e o filho Daniel numa casa na Rua Sena Madureira(?) na Vila Mariana. Quanto a Martha não estou bem certo se a conheci numa turma que morava perto do Mackenzie ou com amigos da colônia judaica. Eu me lembro que ela morava com a família perto da minha casa, acho que na Alameda Itú, quase na esquina com o Colégio Dante Alighieri. Também não tenho certeza, como já te disse, se apresentei os dois. Só sei que frequentavam minha casa e eu a deles junto com a Silvia Helena. O último contato físico que tive com o Daniel foi nesses tempos quando ele ainda era um bebê. Outro dia fiquei duplamente feliz com a alegria do meu velho amigo abraçado com o filho numa foto que a Lucinha me mandou. Viva, mais uma vez, a nossa Internet.
— O guitarrista Alan Klaus foi substituído por Marcelo Aranha. No que mudou o estilo das guitarras? Qual foi o seu último contato pessoal com eles?
R: — O nome do intrigante guitarrista alemão era Alan Kraus. Ele também era técnico e produtor do Estúdio Pirata(?) e tinha participado, segundo o Arnaldo, do som do Woodstock. Ele e o Marcelo Aranha chegaram a tocar juntos e o Alan foi o primeiro a abandonar a nave por um motivo que não me lembro. A maior parte do tempo essa Space Patrol foi um trio com o Arnaldo, Marcelo e eu. Depois apareceu o baixista e amigo Sergio Kaffa que foi o único a participar de uma faixa do antológico "Loki?" e que nós, os Patrulheiros Originais, orgulhosamente ajudamos a formatar, como se diz hoje.
O Alan, eu continuo procurando e o Marcelo Aranha, meu grande companheiro de sons da juventude, tive a felicidade de reencontrar sábado passado dia 16 de julho de 2005 depois de uns trinta anos de afastamento involuntário.
— Quais as lembranças dos shows que ocorreram da Space Patrol e como foi o acidente na Serra? Lembra o repertório?
R: — Além das duas apresentações que já citei no Parque do Ibirapuera, com destaque para a segunda que foi a nossa melhor performance, houve a última tentativa frustrada em São Lourenço, uma espécie de farewell show que não se concretizou. Mas nem por isso deixou de ser um evento bem no estilo do Baptista. Vou tentar, como tudo que já escrevi até aqui, ser o mais fiel às minhas remotas lembranças. Naqueles dias eu subia e descia a Serra da Cantareira quase todos os dias com minha Variant azul. Foi com ela que saímos em 1974, com os instrumentos e o músicos, para tocar com a Space Patrol no Festival da Saúde Perfeita em São Lourenço, Minas Gerais onde, um ano antes, tinha feito amizade com o Arnaldo Dias Baptista. Coisas do destino: foi também em São Lourenço, que a minha querida amiga Lucinha o encontrou pela primeira vez no incrível Festival de 1973. As curvas da Cantareira não eram como as de Santos e eu, apesar de careta, bati legal antes de chegar ao pé da Serra. Tivemos que trocar de viatura. A Variant ficou na oficina e partimos com o Fusquinha amarelo do Marcelo Aranha que tinha, como ele lembrou quando nos reencontramos, um adesivo escrito "Have a nice day". Tudo muito bom, tudo muito bem como canta o amigo Evandro, até recebermos um sinal para parar num posto da federal na Dutra. O pacotão estava sendo mais do que utilizado e a paranóia dos anos setenta se instaurou legal. Acelerei o que pude naquela máquina quente e, acredite se quiser, fomos pela Dutra Velha até a Estrada de São Lourenço numa escapada digna de um road movie tupiniquim. Antes disso o astral da viagem era tão bom que eu compus o "Rock de Taubaté" (homenagem ao Vale do Paraíba que é a Sagrada Terra da Senhora Aparecida e torrão natal da minha família) enquanto o Marcelo e o Arnaldo pesquisavam os efeitos de duas atividades aparentemente estanques: respiração com auxílio de vegetal e viagem em veículo movido a combustível fóssil. As peripécias dessa trinca não param por aí mas isso é uma outra história que fica para uma outra vez. O que posso dizer que o único que conseguiu se apresentar no Festival fui eu num singelo show acústico com a viola no Parque das Águas. Arnaldo & Space Patrol, que iriam se apresentar junto com Mutantes e Rita Lee (?) no Ginásio Municipal, frustraram o público por um motivo que até hoje não foi bem esclarecido. Coisas de um tempo bom e louco que não volta mais.
— Quando você ouviu o LP Loki? ainda nos anos 70, os arranjos do Loki eram iguais aos ensaiados por vocês? Houve mudanças? Com a Space Patrol no acompanhamento o disco seria diferente? O que você acha da performance dos ex-mutantes que acompanham Arnaldo neste disco?
R: — As partes de piano e teclados do Arnaldo são muito fiéis ao som que desenvolvíamos nos ensaios. As mudanças aconteceram, é claro por que o inconfundível estilo dos grandes Liminha, Dinho e Duprat influenciaram, como sempre, a forma de tocar do Mestre Capela Mutante. Mas o pulso forte do AR não deixou a coisa se transformar em outra. A Space Patrol teve mais tempo para trabalhar os arranjos e muitas vezes interferir na própria música como é normal nas bandas de rock de personalidades com luz própria. O resultado seria diferente e interessante assim como é essa obra prima do trio inesquecível da nossa música de todos os tempos. Qualquer músico dessa geração teria o maior orgulho em participar de um evento como esse.
Leia a conclusão em Zé Brasil, revela-nos outra saga apokalyptica
Finalmente alguém começa a recontar a saga apokalyptica. Como diria o velho Jack vamos por partes... (Zé Brasil)
— Fale-nos do hard rock praticado pelo Apokalypsis... E do Festival de Iacanga...
R: — Acabou o gás novos amigos. São duas da manhã e eu devo estar escrevendo há quase quatro horas. Mas quero deixar um gancho: eu não chamaria de hard o rock praticado pelo Apokalypsis: tinha seus momentos, mas a alma brasileira, o rock brasileiro, prevalecia sempre. Mas isso é uma longa história que eu não vou deixar de te contar. Com relação a Iacanga vocês conhecem o Bento Araújo do poeiraZine?
— Você é um dos poucos privilegiado que assistiram ao grupo Arnaldo e Phoenix. Foi no festival de Aguas Claras ou na Tenda do Calvário ou ainda ensaios?
R: — Foi nos três lugares. Por enquanto só posso dizer que a Tenda foi um dos lugares mais loucos que eu já toquei. Adrenalina paranóica pura.
Zé Brasil - Pauliceía Desvairada, 21 de julho de 2005.
Jaques radialista do Kaleidoscópio, morador e discotécario da Tenda do Calvário - últimas notícias: Jaques do Kaleidoscópio (agora Ben Mendel) mora em Recife-PE! E está voltando com um livro "Monte de Sinais" e um programa do mesmo nome na All TV www.alltv.com.br
Estas fotos foram tiradas na minha casa, na Rua Padre João Manuel 446, que era uma das bases do rock de São Paulo em 1975. O Rafael Blóes era o tecladista, o Edú Ladessa Parada (hoje Luthier) era o baixista, o Prandini (hoje na área financeira, um desperdício para o rock) na guitarra, viola caipira, sax e flauta e o Zé Brasil (primeiro à esquerda), este que vos e-mail, era o compositor, baterista e lead vocal da banda. É um milagre pois o Portfolio que continha essas fotos eu perdi em Londres no metrô ou no ônibus.
Valeu, brother, keep on rockin'. ZB.
Zé Brasil baterista do Apokalypsis: "Naquela época, tinha tanto fumo e ácido rolando que ninguém consegue se lembrar de nada". Zé Brasil repete Roger Waters...
Zé Brasil, co-fundador da Space Patrol ataca novamente!
por Mário Pazcheco

SpacePatrol1974a
Aniversário de São Paulo a 25 jan. / 1974. À esquerda em meia-face, Coquinho, futuro baixista da
Patrulha do Espaço, no palco, Arnaldo, Zé Brasil e Marcelo Aranha
Foto: Sue Cunningham

Zé Brasil (na foto ao centro) além de músico é formado em arquitetura desde 1972 e nesta década, ele apresentou algumas pessoas chaves na vida de Arnaldo Baptista: o baterista Rolando Castello Jr e Martha Mellinger.

Zé Brasil conhece Os Mutantes desde os tempos das apresentações deles no programa "Divino Maravilhoso" e naquele dezembro de 1968, meia hora depois de Caetano "dançar", ele acabava de chegar ao prédio do baiano na avenida São Luís. "Nesse ponto sempre tive muita sorte", ele também conhecia Antonio Peticov desde os tempos da boate "Ponto de Encontro" na mesma avenida São Luís.

"A Cantareira sempre foi um lugar especial: naquela época, ao mesmo tempo Rita Lee & Tutti-Frutti ensaiavam na casa do Serginho que mantinha uma formação variada dos Mutantes e a Space Patrol ensaiava na casa do Arnaldo. Rolavam muitas jams com Serginho, Liminha, Lee Marcucci e algumas vezes eu tocava a viola caipira". (Zé Brasil).

"Todos os arranjos do 'Lóki?' foram ensaiados por nós, arrependo-me de ter saído da banda e não ter gravado essa obra-prima. Alan Klaus sugeriu o nome Space Patrol, ele era um guitarrista alemão que havia trabalhado na sonorização de Woodstock, eu tocava a bateria e Arnaldo fazia o baixo nos pedais do hammond. Arnaldo possuía moto e um capacete nazista. Não sei como não morremos várias vezes no jeep do Arnaldo com ele dirigindo: uma das últimas tentativas de apresentação da Space Patrol morreu nas curvas invertidas da Serra quando a caminho de São Lourenço batemos a Variante carregada de instrumentos, na guitarra já estava Marcelo Aranha". (Zé Brasil).

"Nesse dias da Space Patrol, ainda em 1973 ou 1974, o Arnaldo Baptista me deu uma letra para musicar. Foi um momento mágico quando achei o manuscrito nos meus guardados de estimação. Imagine um Rock da Cantareira em pleno terceiro milênio? Uma dica: fala de cabelos dourados, jipe, baby doll de jersey, discos voadores, sonhos, amor e reis do rock'n'roll". (Zé Brasil).

— Quais suas lembranças da estréia ao vivo da Space Patrol?

O que o recorte diz a respeito do show no Ibirapuera? está ilegível.

R: — Ninguém queria abrir o show e sobrou para mim, o velho roqueiro, cantor e violeiro Zé Brasil, recém chegado de uma viagem pelos States, onde peguei muita carona (Miami/New York/San Francisco) e toquei bastante como street musician e em alguns bares e coffee-houses de Frisco. Tudo correu bem e o jornal Folha da Tarde destacou a performance e a boa aceitação da minha música raiz-urbana. O show da Space Patrol foi anárquico com o maestro Arnaldo desregendo tudo o que havia sido ensaiado e a turma da Cantareira, composta por dealers e freaks, cantando e dançando alucinadamente no embalo aleatório dos teclados do Mutante-Loki?, da guitarra do Marcelo Aranha e da minha batera Pinguim incrementada com pratos e tambores importados que trouxe da América. Antes e depois, Rita Lee e outras bandas entreteram o público com suas ensaiadas e produzidas apresentações. Na matéria da Folha não é citada a aparição da Space Patrol talvez para preservar a imagem do Arnaldo que até então nunca tinha proporcionado um espetáculo tão desconcertante, para dizer o mínimo. A matéria tambem destacou o grande número de participantes e algumas das atrações do memorável evento apresentado pelo lendário Magnólio, que também promoveu a melhor apresentação do Arnaldo & Space Patrol no show de Aniversário da Cidade em janeiro de 1974 no mesmo Parque do Ibirapuera, que reuniu, segundo a imprensa, mais de 25.000 pessoas e conseguiu congestionar o trânsito no entorno do Parque, principalmente na região do emblemático monumento das Bandeiras.

— Como a sua formação profissional ajudou a reformar os estúdios? Você delineava os rumos do som do Space Patrol e naquela época Arnaldo já se mostrava fiel ao som das válvulas?

R: — A arquitetura fez comigo a mesma coisa que com outros artistas e músicos da época: abriu a cabeça para as diferentes possibilidades da nossa tão reprimida vida em meio a opressão ignorante e violenta da Ditadura Militar. Na prática ajudou a transformar, por exemplo, a edícula da minha casa na Padre João Manuel em estúdio e suíte para curtir o início da minha apaixonada vida com minha musa, cantora e companheira Silvia Helena que graças a Deus, está completando 30 anos em 17 de novembro de 2005.

Os ensaios da Space Patrol eram diários, todos colaboravam nos arranjos e nós curtíamos demais a inspiração e o sentimento do Arnaldo que sempre aparecia com alguma música nova para a banda detonar toda manhã. O Rock da Cantareira, que acabo de compor, é fruto permitido dessa fase maravilhosa da "Patrulha Espacial" que, por ser tão forte, sobrevive, com identidade própria, muito drive e personalidade nas baquetas e palhetas da "Patrulha do Espaço" do meu vizinho, rock idol, irmão e compadre Júnior.

O Arnaldo, assim como o mago Cláudio César, sempre foi obcecado por tecnologia, além de válvulas, baixas frequências e instrumentos Gibson. Que eu me lembre ele tocava órgão Hammond com pedaleira e caixa Leslie, clavinet, sintetizador Moog, piano acústico e o lendário Mellotron, que como algumas violas caipiras, era difícil de afinar.

— Como você introduziu o baterista Rolando Castello Jr e Martha Mellinger na vida do Arnaldo? Você tem contato com Daniel Mellingher?

R: — O Júnior eu me lembro bem. Como já citei, ele era meu amigo, vizinho e o baterista mais rock-show que eu conhecia: ele literalmente botava fogo na bateria. Daí a coisa mais natural era recomendá-lo para o Arnaldo pois eu já estava na onda do Apokalypsis. Além disso o Arnaldo tinha uma bateria Ludwig de dois bumbos que ele tinha trazido dos States, se não me engano, e servia como uma luva para o estilo hard'n'heavy do Juninho.

Nessa época, acho que o Arnaldo ensaiava e vivia com a Martha e o filho Daniel numa casa na Rua Sena Madureira(?) na Vila Mariana. Quanto a Martha não estou bem certo se a conheci numa turma que morava perto do Mackenzie ou com amigos da colônia judaica. Eu me lembro que ela morava com a família perto da minha casa, acho que na Alameda Itú, quase na esquina com o Colégio Dante Alighieri. Também não tenho certeza, como já te disse, se apresentei os dois. Só sei que frequentavam minha casa e eu a deles junto com a Silvia Helena. O último contato físico que tive com o Daniel foi nesses tempos quando ele ainda era um bebê. Outro dia fiquei duplamente feliz com a alegria do meu velho amigo abraçado com o filho numa foto que a Lucinha me mandou. Viva, mais uma vez, a nossa Internet.

— O guitarrista Alan Klaus foi substituído por Marcelo Aranha. No que mudou o estilo das guitarras? Qual foi o seu último contato pessoal com eles?

R: — O nome do intrigante guitarrista alemão era Alan Kraus. Ele também era técnico e produtor do Estúdio Pirata(?) e tinha participado, segundo o Arnaldo, do som do Woodstock. Ele e o Marcelo Aranha chegaram a tocar juntos e o Alan foi o primeiro a abandonar a nave por um motivo que não me lembro. A maior parte do tempo essa Space Patrol foi um trio com o Arnaldo, Marcelo e eu. Depois apareceu o baixista e amigo Sergio Kaffa que foi o único a participar de uma faixa do antológico "Loki?" e que nós, os Patrulheiros Originais, orgulhosamente ajudamos a formatar, como se diz hoje.

O Alan, eu continuo procurando e o Marcelo Aranha, meu grande companheiro de sons da juventude, tive a felicidade de reencontrar sábado passado dia 16 de julho de 2005 depois de uns trinta anos de afastamento involuntário.

— Quais as lembranças dos shows que ocorreram da Space Patrol e como foi o acidente na Serra? Lembra o repertório?

R: — Além das duas apresentações que já citei no Parque do Ibirapuera, com destaque para a segunda que foi a nossa melhor performance, houve a última tentativa frustrada em São Lourenço, uma espécie de farewell show que não se concretizou. Mas nem por isso deixou de ser um evento bem no estilo do Baptista. Vou tentar, como tudo que já escrevi até aqui, ser o mais fiel às minhas remotas lembranças. Naqueles dias eu subia e descia a Serra da Cantareira quase todos os dias com minha Variant azul. Foi com ela que saímos em 1974, com os instrumentos e o músicos, para tocar com a Space Patrol no Festival da Saúde Perfeita em São Lourenço, Minas Gerais onde, um ano antes, tinha feito amizade com o Arnaldo Dias Baptista. Coisas do destino: foi também em São Lourenço, que a minha querida amiga Lucinha o encontrou pela primeira vez no incrível Festival de 1973. As curvas da Cantareira não eram como as de Santos e eu, apesar de careta, bati legal antes de chegar ao pé da Serra. Tivemos que trocar de viatura. A Variant ficou na oficina e partimos com o Fusquinha amarelo do Marcelo Aranha que tinha, como ele lembrou quando nos reencontramos, um adesivo escrito "Have a nice day". Tudo muito bom, tudo muito bem como canta o amigo Evandro, até recebermos um sinal para parar num posto da federal na Dutra. O pacotão estava sendo mais do que utilizado e a paranóia dos anos setenta se instaurou legal. Acelerei o que pude naquela máquina quente e, acredite se quiser, fomos pela Dutra Velha até a Estrada de São Lourenço numa escapada digna de um road movie tupiniquim. Antes disso o astral da viagem era tão bom que eu compus o "Rock de Taubaté" (homenagem ao Vale do Paraíba que é a Sagrada Terra da Senhora Aparecida e torrão natal da minha família) enquanto o Marcelo e o Arnaldo pesquisavam os efeitos de duas atividades aparentemente estanques: respiração com auxílio de vegetal e viagem em veículo movido a combustível fóssil. As peripécias dessa trinca não param por aí mas isso é uma outra história que fica para uma outra vez. O que posso dizer que o único que conseguiu se apresentar no Festival fui eu num singelo show acústico com a viola no Parque das Águas. Arnaldo & Space Patrol, que iriam se apresentar junto com Mutantes e Rita Lee (?) no Ginásio Municipal, frustraram o público por um motivo que até hoje não foi bem esclarecido. Coisas de um tempo bom e louco que não volta mais.

— Quando você ouviu o LP Lóki? ainda nos anos 70, os arranjos do Loki eram iguais aos ensaiados por vocês? Houve mudanças? Com a Space Patrol no acompanhamento o disco seria diferente? O que você acha da performance dos ex-mutantes que acompanham Arnaldo neste disco?

R: — As partes de piano e teclados do Arnaldo são muito fiéis ao som que desenvolvíamos nos ensaios. As mudanças aconteceram, é claro por que o inconfundível estilo dos grandes Liminha, Dinho e Duprat influenciaram, como sempre, a forma de tocar do Mestre Capela Mutante. Mas o pulso forte do AR não deixou a coisa se transformar em outra. A Space Patrol teve mais tempo para trabalhar os arranjos e muitas vezes interferir na própria música como é normal nas bandas de rock de personalidades com luz própria. O resultado seria diferente e interessante assim como é essa obra prima do trio inesquecível da nossa música de todos os tempos. Qualquer músico dessa geração teria o maior orgulho em participar de um evento como esse.

 

Leia a conclusão em Zé Brasil, revela-nos outra saga apokalyptica

Finalmente alguém começa a recontar a saga apokalyptica. Como diria o velho Jack vamos por partes... (Zé Brasil).

— Fale-nos do hard rock praticado pelo Apokalypsis... E do Festival de Iacanga...

R: — Acabou o gás novos amigos. São duas da manhã e eu devo estar escrevendo há quase quatro horas. Mas quero deixar um gancho: eu não chamaria de hard o rock praticado pelo Apokalypsis: tinha seus momentos, mas a alma brasileira, o rock brasileiro, prevalecia sempre. Mas isso é uma longa história que eu não vou deixar de te contar. Com relação a Iacanga vocês conhecem o Bento Araújo do poeiraZine?

— Você é um dos poucos privilegiado que assistiram ao grupo Arnaldo e Phoenix. Foi no festival de Aguas Claras ou na Tenda do Calvário ou ainda ensaios?

R: — Foi nos três lugares. Por enquanto só posso dizer que a Tenda foi um dos lugares mais loucos que eu já toquei. Adrenalina paranoica pura.

Zé Brasil - Pauliceía Desvairada, 21 de julho de 2005.


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Apokalypsis

Estas fotos foram tiradas na minha casa, na Rua Padre João Manuel 446, que era uma das bases do rock de São Paulo em 1975

O Rafael Blóes era o tecladista, o Edú Ladessa Parada (hoje Luthier) era o baixista, o Prandini (hoje na área financeira, um desperdício para o rock) na guitarra, viola caipira, sax e flauta e o Zé Brasil (primeiro à esquerda), este que vos e-mail, era o compositor, baterista e lead vocal da banda. É um milagre pois o Portfolio que continha essas fotos eu perdi em Londres no metrô ou no ônibus.

Valeu, brother, keep on rockin'. ZB.

Zé Brasil baterista do Apokalypsis: "Naquela época, tinha tanto fumo e ácido rolando que ninguém consegue se lembrar de nada". Zé Brasil repete Roger Waters...

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