Agora é sempre
(para compreender Maura Lopes Cançado)

"Agora é sempre porque as rosas caem" — Maura Lopes Cançado

Agora é sempre porque és a flor
(vencida na curva de uma pétala).

Agora é sempre porque
(a pedra é pedra).

Agora é sempre porque estás, Ofélia.
(na hora quarta do novo tempo).

Agora é sempre porque és Jó(ana)
estátua catatônica de cânticos.

Agora é sempre porque és aira,
M(aura) lança do espírito cançado.

Agora é sempre porque és o olho-fico
insone da vida e da morte.

Agora é sempre porque te pressinto
(chegada dos caminhos da dor).

Agora é sempre porque és
(rodeada de só, beira de séculos).

Agora é sempre porque
(em breve serás eterna).

Agora é sempre porque
(no entanto, permaneces).

(Agora é sempre porque as rosas caem).

Autoria: Altino Caixeta De Castro (Leão de Formosa)

Vindima para o louco das estrelas maduras
(De um louco anônimo, nas paredes do hospício, segundo jornais)

Quando o céu é uma vinha toda escura
da parreira que se estende por cima,
Deus recolhe ao lugar da vindima
um punhado de estrelas maduras.

Vem o sol e põe mosto nas glebas
dos poetas das bagas mais puras
e na taça quando o sol transverbera
há um punhado de estrelas maduras.

Mas aquilo que cantas de estima
sobre a fímbria de agosto e tristuras
é teu vinho de verso e cantiga
de um punhado de estrelas maduras.

Autoria: Altino Caixeta De Castro (Leão de Formosa)
Os três poemas foram retirados do livro, "Cidadela da Rosa: com fissão da flor" Horizonte Editora Limidade. Brasília Ano XX - 1980.
 

Disjecta Membra
(Ao Poeta Faustino)

Os membros desmembrados:
desprojetados no tempo.
As ruínas reconstituídas:
reconstruídas no tempo.
As musas desmusificadas:
mumificadas no tempo.
Os versos desconversados:
diversificados no tempo.
a desmemória memorizada:
Mário Faustino no tempo.

Se conheci Altino? — Claro! Inesquecivel! o vi uma vez no meu serviço na Asa Norte, tinha carisma próprio e atenção às pessoas, me cumprimentou na escadaria. Devia ser seus bons modos!