'O Homem Do Castelo Alto' Uma experiência Cine Literária com Philip K. Dick

Uma experiência literária com Philip K. Dick – Editora ALEPH


por: Mário
 Pazcheco

O Homem do Castelo Alto, 300 páginas – a tradução de Fábio Fernandes é primorosa!
Há décadas, Philip K. Dick habita o nosso imaginário. Com o avançar do tempo, tivemos a oportunidade de assistir a alguns filmes baseados em sua criação. Geralmente inquietante, sua temática sugere procurar se a sociedade será capaz para controlar a individualidade das pessoas. Poderia ela castrar os impulsos da gente? Dominar o indivíduo através da própria paranoia?

Do apogeu à derrocada
Ainda em 1974, Philip K. Dick teve uma experiência onde sentiu/recebeu um espírito do tempo dos primeiros cristãos, que eram decapitados ou jogados nas covas para os leões. Possesso, Philip K. Dick passou a surtar no cotidiano. Gritava: "Romanos!" Ou quando desaprendia dirigir. O engraçado é que, ao ouvir determinada canção dos Beatles, ele creditou a ela a informação de que o seu filho recém-nascido teria um problema congênito, e que deveria ser operado em menos de 24 horas! Fato confirmado no hospital.
Ainda seguindo os ensinamentos do espírito, Philip K. Dick chutou os seus agentes, e os cheques começaram a entrar. Num dia infeliz para Philip K. Dick, o espírito resolveu abandoná-lo. Mas ele já sabia que o seu destino humano estava próximo da imortalidade.
Philip K. Dick, como um bom louco, reconhecia que poderia estar a desenvolver uma fatídica neurose.

Livro dentro do livro
Resolvi ler Philip K. Dick pelo início da sua obra: O Homem do Castelo Alto. Ela lhe valeu o prêmio ainda em 1962. Apesar do título, não se encontrará nela um ilhado escritor americano num jardim de maravilhas e muralhas! O personagem e também escritor Hawthorne Abendsen é o autor do “fictício” e proscrito O Gafanhoto Torna-se Pesado, que considera existir uma outra Terra (a nossa...), onde o nazifascismo perdeu a segunda grande guerra!
Em O Homem do Castelo Alto os alemães, mesmo vencedores, cultivam o ódio intestino, e estão prestes a lançar a ofensiva Dentes-de-Leão para aniquilar os outrora aliados da terra do Sol nascente.
O ríspido diálogo entre Hawthorne Abendsen, o autor de O Gafanhoto Torna-se Pesado, e a sua voluptuosa leitora Juliana Frink esclarece o impasse:
Ele: "Isso quer dizer que o meu livro é verdade, não é?"
"Sim."

Ela disse. Com raiva, ele respondeu:

"Alemanha e Japão perderam a guerra."
"Sim."
Para o leitor, este diálogo é a senha que proporciona a volta à realidade, ao nosso próprio eixo. E nos faz nos lembrarmos de outras obras também de finais abertos...

Oráculo é parceiro do escritor
Livros foram escritos a maquina ou ditados, mas este aqui foi inspirado pelas Varetas de milefólio e pelas moedas do I Ching.
E nem foi preciso consultar o oráculo para saber as respostas às indagações: Por que lutar? Por que escolher? – Afinal, esperança não é resposta, é condição.

Personagens irretocáveis
O que mais me atrai nos personagens desenvolvidos por Philip K. Dick é a sua sagacidade, o seu direito de nascer, de irromper, de impor, de opor... – a sua construção é seguríssima, ele abre as nuances do caráter do meio da função e mostra que mesmo o mais abjeto mercenário pode amar a sua Pátria, pode cultivar o patriotismo, pode fazer eco aos heróis perdidos no tempo. Mas desde, claro, que a nação possua heróis. É por isso que na sua obra o desespero jamais vence, e os alemães, mesmo como vencedores, estão desesperados. Eles erradicaram e escravizaram o continente africano. Violentaram as divisas da Europa. Fizeram da Lufthansa e da Mercedes Benz as máquinas do Império. E parecem saber que em outra Terra não foi este o final!

Articles View Hits
11379280

We have 2179 guests and no members online

Download Full Premium themes - Chech Here

София Дървен материал цени

Online bookmaker Romenia bet365.ro