1984: MIL NOVECENTOS E OITENTA E QUATRO

MIL NOVECENTOS E OITENTA E QUATRO

compilado por Mário Pazcheco

7 a 12 fevereiro

Beatles Expo – Celebration of Beatles 20th Anniversary – Miami.

19 de Fevereiro
Punks de Brasília Assaltam o Sul do País
Grupos e críticos do Rio de Janeiro acham que o som dos 80s está chegando da capital federal.

Correio Braziliense


"La desponta o novo rock"
Quem diz que Brasília é apenas a capital do poder, do vazio e das seitas esotéricas, está enganado. Brasília é também a capital onde o rock vem despontando de forma espantosa, renovada, tribal, formando com São Paulo e Rio o triângulo das cidades onde essa fala musical tem peso no panorama cultural.
A opinião é da jornalista e produtora Maria Jucá, a criadora do Rock Voador, projeto que praticamente já fez um mapeamento completo das tendências e das linguagens que apareceram nos últimos anos em shows de muita agitação e provocaram uma desenfreada corrida das gravadoras.
– Esse fenômeno pode acontecer por ser Brasília uma cidade de energia concentrada, onde essa energia de criação circula. Dá para perceber pelas bandas que já se exibiram no Circo Voador, chegaram às gravações e outras que ainda estão em processo de formação, estruturação.
Os atuais embaixadores de Brasília aqui no Rio de Janeiro, na área agitada do rock, são os Paralmas do Sucesso, que, há duas semanas, acompanharam Jimmy Cliff em sua excursão pelo País e provocaram tantos aplausos com o seu "Vital e sua Moto", quanto o jamaicano com sua dançante "Reggae Night".
De Brasília já saíram para o placar nomes do primeiro time: Ney Magrosso, Eduardo Dusek, Leo Jaime e tão comentadas e pouco ouvidas bandas punks. Certamente, a maioria desses músicos não nasceram na cidade, mas no mínimo viveram sua adolescência entre asas e superquadras, período da idade vital para a descoberta do rock pra qualquer geração.
Maria Jucá, quem tem mais de 100 horas gravadas em vídeo com todas as bandas do Brasil, não é de ficar jogando lances críticos sobre o trabalho de toda a raziada. O seu interesse maior é em expor a vitalidade e o sabor original que há em cada uma dessas produções, fazendo do Rock Voador um grande laboratório de exibição viva do gênero.
Aliás, ela própria vê o rock como um fenômeno mais decisivo no País que a mera proliferação de bandas:
Rock é tudo que é fala cultural, tudo que é físico, emocional e até intelectual. É também um jeito de fazer teatro, dança, poesia. Inteligentemente não percebemos toda a sua força porque o Brasil é um País que não acredita em si próprio.
No Circo Voador, aos sábados, Maria Jucá instalou o mais frenético laboratório musical de 1983, com o projeto Rock Voador, que tem a força hoje dos festivais de antigamente. A cada semana, surpresas, unificando o País com bandas de toda a qualidade e origem e uma ebulicão só comparável às grandes festas do SESC — Bom-beia em São Paulo.
– Somos filhos da mudez, criados andando nas entrelinhas, nunca soubemos que é reclamar, votar para presidente. Tivemos que aprender a nos produzir sozinhos. Como produtora, escrevo, carrego som, organizo os espetáculos, telefono para os músicos, faço comida, pão, grito poesia.
Tudo para Jucá gira como pedras rolantes, que multiplicam a ânsia de uma juventude por expressar-se e lançar os seus gritos primais, como maneira de emergir do tédio e do silêncio.
Todos sentimos falta dessa oxigenação, e ela está acontecendo. A verdade no Brasil hoje é a mentira; o roubo está instituído. Ninguém está mais a fim de ser enganado.

10 março

Ian Gillan deixa o Black Sabbath

30 maio

Jefferson Starship lança Nuclear Furniture.

1.º junho

Protesto reúne 177 carros pró-diretas em Brasília.

4 a 17 jun.

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7 julho

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 13 jul.

Conhecendo, o guitarrista Fejão

18 jul.

Sarney, depois de romper com o PDS, aceita ser o vice de Tancredo.

Shows

9 a 12 agosto


Marco Antônio Araújo Grupo se apresenta no MASP.

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• Amigos do Gil em ação: o próprio, Raul, Tony Osanah e Sérgio Dias.

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   9 setembro

   Shows de rock nesse vilarejo adormecido

    Durante as campanhas pelas Diretas em 1984, Walter Franco ganhou destaque com a música “Seja Feita A Vontade do Povo”.

    The Band reagrupam-se, e após um concerto em Orlando, na Flórida, Richard Manuel, o tecladista e fundador, enforca-se no banheiro de um hotel, enquanto sua esposa atendia a um chamado na recepção. Ele não deixou bilhete, e não havia razão aparente para o ato. Robbie Robertson, o guitarrista, seguiu carreira solo.

    Os Rolling Stones estão devagar, quase parando, e Mick Jagger decide lançar um álbum-solo. Para promover o disco, ele escolhe o Rio de Janeiro como cenário para um filme promocional.

    Steve Hackett grava, aqui no Brasil, Till We Have Faces.

    Tom Zé lança o LP Nave Maria, pela RGE.

    Estão de volta The Mamas & The Papas, reis e rainhas do mundo, com a clássica  “California Dreamin’”, um dos hinos da filosofia do poder da flor, com a   participação de Scott MacKenzie (“San Francisco”), MacKenzie Phillips (filha do sobrevivente John Phillips com Michelle) e Spanky McFarlane, ex-integrante  de Spanky and Our Gang, que substituem Denny Doherty, Michelle Phillips e Cass Elliott.

    Numa longa entrevista a Scott Isler, da revista Musician, John Forgety expõe  que a principal razão de seu afastamento foi uma questão de nove milhões de dólares, dinheiro em que não podia mexer. Contou como os executivos da Fantasy o impediram de receber seus direitos autorais. Livre do problema, John Fogerty temporariamente retomou sua carreira, e realizou um disco, como nos velhos tempos.

    “Quando 1984 chegava aos seus meses finais, e com a aproximação do Rock In Rio, saímos da letargia. Havia uma remotíssima possibilidade de participarmos do megaevento. Apesar de a banda estar no hangar, nossas bases e alguns contatos de maior nível nos instigavam a sair à luta. Novamente pintava uma esperança. E dessa vez um contato feito com um empresário argentino assinalava também a presença no Rio de Janeiro de um velho conhecido e guitar-hero dos pampas, o Pappo, um mito na sua terra, com o qual eu havia tocado em 1977 na Argentina, com o Aeroblus. E que inclusive fez um show com a Patrulha em 1979, em São Caetano/São Paulo. Nesse meio tempo, Pappo tinha estourado mais uma vez na Argentina, com uma banda chamada Riff. Com o fim do Riff, Pappo veio ao Rio de Janeiro montar algo. Depois de um show no Circo Voador com o Celso Blues Boy, uma máfia de editores argentinos, que editavam no Brasil as revistas Roll e Metal, tentava armar para que ele tocasse com o Barão Vermelho no Rock In Rio. Eu sabia que tal empreitada era roubada, impossível. Assim que Pappo se ligou da patifaria, pintou a ideia de juntarmos as forças e tentar algo com a Patrulha. A distância Rio/São Paulo era um obstáculo, mas depois de algumas viagens e acertos transferimos a operação para São Paulo. Começamos a ensaiar e a compor rapidamente, e agendamos com o Luiz da Baratos a gravação do novo material no estúdio Vice-Versa.” (Rolando Castello Jr., baterista da Patrulha do Espaço)

• Raul Seixas lança Metrô Linha 743.

 Roger Waters abandonou o grupo e disse que o Pink Floyd havia terminado...

8 dez.

• O baterista do Hanoi Rocks, Razie, é atropelado por Vince Neil – vocalista do Motley Crüe –, e morre.

31 dez.

• Rick Allen, baterista do Def Leppard, perde o braço em acidente de carro.

• Celtic Frost lança o álbum To Mega Therion.

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Deja-Vù: heavy-metal! 

16 dez 1984   

Extremo: fãs de Joe Perry Project e MC5
“Este foi um trabalho de arqueologia! Compare com as fotos originais e você
perceberá! Levou duas horas, de trabalho para chegar à qualidade.” (Antônio Celso Barbieri)
Recorte da Legião Urbana - Correio Braziliense, 16 dez. / 1984

Brasília

Show Madrugadas – Gilberto Salomão. No palco de madeira da casa de shows Madrugadas. Apresentam-se Extremo, Ligação Direta, Fusão, Nirvana e A Banda do Cachorro Louco.

• Show Estrada Estelar II – Cine Itapuã – Gama. Extremo e Essência.

5 maio

Teatro Rolla Pedra Etc & Tall – Taguatinga. Extremo e Nirvana. Ivaldo documenta esta apresentação.

13 julho

Pelos Caminhos do Rolla Pedra

Sexta-feira 13– participaram Extremo, TNT e Nirvana
Fomos assistir uma temporada de rock na Rua do Sorvete Sem Nome. Na entrada do teatro, Fernandez vestido de preto, devidamente caracterizado como vampiro com cartola de banqueiro, controlava o acesso, e reclamava: “Só tem convidados...” Fernandez desconhecia a minha dedicação, e que precisávamos de grana para o pão com mortadela, filme para a máquina e vodka.
Quando entrávamos, o pessoal do Extremo disse “Estão conosco”. E Fernandez, com cara não-muito-satisfeita, respondeu: “Pô, só tem convidados!...”

Teatro Rolla Pedra Etc & Tall – Taguatinga. Sexta-feira 13, Extremo e Nirvana arrepiam! O áudio deste show é apagado. Perderam-se as faixas “Mórbido” (instrumental), “Forças Que Fluem” e “Herdeiros Do Mal”. Três fotos coloridas sobreviveram.

• Apesar da extrema dureza daqueles dias, possuíamos um troco para a passagem, a vodka, o flash manual descartável e o filme. Não sei  quantas poses
o filme  possuía; após usar o flash, era necessário girar manualmente para a próxima foto.

• Essas fotos não foram feitas por mim. Foram pelo Renato (irmão do Cécé), na minha máquina. Eu pedi ao Renato que as fizesse, pois ele sabia os momentos certos de captar a ação. Me lembro que fiquei decepcionado, pois o Renato havia perdido um flash.

 

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GALERIAS

08 AGOSTO - 84

O retrato do punk, em preto e branco

No paraíso/inferno do consumo, circo da guerra total do espetáculo, só se ouve quem berrar mais alto ou quem projetar um visual mais violento do que o da publicidade: nem que seja pelos cabelos, pelas roupas, pelos adereços, pelas tatuagens. O punk é uma forma de sujar a paisagem, ou melhor, recolocar na paisagem o lixo que pertence a ela, o lixo que ela mesma produziu e produz. Se o corpo virou o supremo objeto de consumo, a ironia mais radical é escancarar o consumo mesmo e escândalo. E claro: o corpo foi linguagem (produção de novos sentidos) e ontem tende fatalmente a se tornar na retórica de pele da grande máquina. Basta conferir no punkismo de boutique de Baby Consuelo. Ao encarnar a violência pela violência, certos integrantes do movimento punk acabaram também fazendo o jogo do sistema. Mas o fôlego da vida continua: o novo pode ser recuperado pelos sistemas e a dimensão específica da arte ainda resiste existencial. E estão aí os expertes grupos brasileiros — Plebe Rude, Capital Inicial, Legião Urbana — todos surgidos da semente punk pra provar.

A partir desta quinta-feira, às 20 horas, (na CRLN 710, Bl. E., Casa 51, Studio Inácio Tatto), Carlos Terrana estará mostrando uma série de 38 fotografias, em preto e branco, registrando o movimento punk — durante o início deste ano — em seus espaços de origem: os bairros de Londres. A finalidade é atingir o público interessado em novas formas de comportamento urbano. As fotografias foram feitas durante um mês, nos mais tradicionais redutos dos punks tais como o King’s Road ou o Clube 100. Lá encontrou punks de toda a Europa em busca de um clima menos hostil. “A primeira coisa que me tocou foi o visual. Mas, as coisas que estão atrás deste visual são muito fortes. O rato que aparece na cabeça de muitos deles tem um duplo sentido: o do lixo e o do protesto contra o uso indiscriminado de animais em pesquisas científicas”. Terrana fez uma deliberada opção pelas fotos em preto e branco para não cair no fascínio puro das cores exuberantes do visual/punk. O contato direto com os grupos foi perturbador, no sentido de abertura da percepção, novos horizontes: “Eu tive que me socializar com eles. Percebi que atrás de toda aquela imagem que se faz do punk existe algo muito forte, muito sincero, muito verdadeiro. Eles vivem o que falam. Eles se revoltam contra todas as formas de opressão ao ser humano”.
De Brasília, a exposição seguirá para São Paulo e Rio de Janeiro. A mostra permanecerá aberta de quinta até o dia 15, a partir das duas da tarde, na galeria de Inácio Tatto, ao lado do Cubo-Gelo. (Severino Francisco).

[Legenda da imagem]
O visual punk em 38 fotos de Carlos Terrana

A NOITE DO PUNK
Exposição de Marcos Terrana marca encontro punk em Brasília

Marcilio Farias

Um encontro punk provocado pela fotografia e pela tatuagem. Assim o fotógrafo Marcos Terrana define a sua exposição de hoje às 20 horas no atelier-studio do artista plástico Inácio da Glória, na W/3 Norte, 710. São 35 fotos que Terrana realizou durante sua permanência em Londres sobre o tema punk-skin head. A exposição é dedicada ao mundo punk da cidade. De certa forma é mais do fundo, e intimista, e tem um tom de mesmo tema na experiência: ambos se cruzam (tatuagem e fotografia) na exposição regida a muito rock.

O objetivo da mostra, segundo Terrana, é dar uma visão diferente do universo punk, de um universo de comportamento até hoje tido como peça decorativa.

— O contato com o mundo punk de Londres foi um choque eminentemente positivo. Aqui o punk é tido como modismo, lá ele se afirma. Na Europa ocorre a série, dança e nível de movimento filosófico. E de fato existe aí uma linha que liga ideologia, texto, universo da música e tempo e o espaço. De certa forma para mim foi um romper de barreiras e abrir de cabeça. Com fotografar foi essencial, mais do que isso, foi um contato radical — um túnel.

Para Inácio da Glória essa dimensão, esse enriquecimento possui um dado cultural irreversível e no entanto desconhecido da maioria das pessoas.

— A rigor são dois universos que se aproximam. O punk e o skin-head ocupam os extremos dessa postura. O que se vê no visual é o que se vê no seu interior. Isso no caso europeu é real esse caso porque é o tema de exposição — que inclusive passa a ter um caráter mais informativo sobre a realidade do punk e sua realidade cotidiana, do modo dos mundos.

Terrana fotografou mais de 1.000 punks em King’s road. Um material inédito cujos primeiros resultados a seleção das 35 fotos. Neles o artista quatro meses de trabalho diário. Inácio da Glória apresenta a intelectualidade brasiliense — e ao público mais afim existe o primeiro impacto de ideia: os punks, alternativos, esotéricos e marginalizados de Londres. Um trabalho que propositalmente é apresentado em preto e branco. Para o fotógrafo essa era uma opção estética irreversível:

— O branco e preto surge como uma decorrência natural da própria mentalidade anti-heroica. Pode-se ir mais além: o uso do branco e preto no momento em que executava as fotos, coincidiu com o meu estado de espírito. A exposição reflete isso. Mas além é o que está: a cor neutraliza a mensagem principal que é o conjunto da visual e figura, personalidade e conteúdo dessa personalidade. O preto e branco coloca as coisas mais “claras”, expõe essa dimensão interior.

Porque uma exposição londrina em Brasília?
(quem responde é Inácio da Glória)

— Bom, em primeiro lugar para situar as coisas nos seus devidos lugares. Há pessoas que se dizem estudiosas de punk por aqui, mesmo em quando há outras que realmente entendem o caso do que se vê, punk. Por outro lado a exposição é para o segundo tipo. É volta à raiz do movimento. Afirma e desloca a crise de expressão e de sentido entre exposições de coisa e as pessoas que ele representa. Por fim e mais importante, Terrana coloca essa “coisa”. A série punk não está dissociada de crítica e afirmação, e no caso trata-se de uma exposição estética. Mais do que isso é um mapeamento do inconsciente de uma juventude. O que se reflete nas imagens e rostos das pessoas.

A exposição anterior de Marcos Terrana tocou o Pantanal de alto a baixo. Um depoimento forte sobre remanescências ameríndias. Hoje ele trata das ruínas, símbolo máxima da sociedade moderna. Por quê?

— Em ambas havia a mesma preocupação com o humano. No primeiro caso a preocupação era sobre o desaparecimento. No segundo essa mesma preocupação é do fato, preocupação com esse mesmo desaparecimento modernidade. De certa forma essa ausência é o tema da exposição. A falta de perspectiva de uma civilização. Mas em ambas a afirmação dos indivíduos. É o material. Qualquer coisa que se possa ser dita, será dita depois. A fotografia é muda.
(Inácio arremata)
– Um silêncio até mesmo bem anti-heróico. E você já reparou numa coisa: a cultura punk e a contracultura que antecedeu a ela são as culturas do anti-heroísmo. De certa maneira é isso o que os jovens de todo o mundo dizem: chega de heróis. Eles já foram o suficientemente enlatados para convencerem de alguma coisa.

De que forma esse testemunho tão distante geograficamente ajudaria de fato o seu ramo tupiniquim?

– (Terrana sorri e responde) – Qualquer que seja o tipo de provocação que exista ela gera reflexão. Isso é definitivo. Não dá para negar. Polemizar instiga, provoca, estimula, excita. Isso é bom para o corpo, bom para o cérebro. As pessoas estão meio hipnotizadas culturalmente. Aí chega o punk e morde-lhe a orelha. Isso pode parecer bizarro, gratuito, mas não é. É uma atitude radical, e isso, por ser um extremo, é absolutamente transcendente. Pode-se refletir muito a partir disso, principalmente se confrontarmos com a nossa vida atual, tão repleta de regulações e normatividades.

Literatura

W3 Sul. Paulo Leminski, durante visita a Brasília, após o almoço numa pensão, com o Ivan “Presença”, Nicholas Behr e Alice Ruiz, deixa um poema manuscrito com o também poeta Behr.

• O historiador Jonathan Wiener e professor da Universidade da Califórnia publica seu livro Come Together: John Lennon In His Time (Vamos juntos: John Lennon em seu tempo).

Agosto

No vácuo do neopsicodelismo, a primeira seleção de poemas de Allen Ginsberg chega ao Brasil, com vinte e oito anos de atraso, na edição de Uivo, Kaddish e Outros Poemas. Felizmente nunca é tarde para se conhecer esse trabalho antológico, que explodiu na famosa leitura feita por seu autor na Galeria Six, em San Francisco, em 1956.

• “Logo após publicar Uivo, Kaddish e Outros Poemas, de Allen Ginsberg, fiz o prefácio da edição brasileira de Os Subterrâneos, de Kerouac (Editora Brasiliense, tradução de Paulo Henriques de Britto). A intenção era colocar alguns pingos nos ii, diante dos evidentes equívocos na recepção das traduções de autores beat no Brasil. Mas o texto vai além, e dá um perfil de Kerouac. Continua valendo.” (Cláudio Willer)

• O clássico On The Road só ganhou a primeira edição brasileira quase três décadas depois, feito do escritor e historiador Eduardo Bueno.

• Chacal lança Drops de Abril (Cantadas Literárias, da Editora Brasiliense), um voo de reconhecimento na sua gíria de poeta, dos relatos da sua trip pelo planeta.

Signagem da Televisão, de Décio Pignatari. Editora Brasiliense.

Two Serious Ladies, traduzido como Duas Damas Bem-comportadas, Jane Bowles, L&PM. A autora publicou seu romance em 1943. Ela recebeu uma carta de Anais Nin, de oito laudas, que não agradou nada a Jane. Anais Nin achava que era a melhor, e por isso se permitiu dar alguns conselhos a Jane nessa carta, ao fazer uma lista de defeitos do romance, o que deixou Jane furiosa. Infelizmente, a carta não foi guardada.

Artes

• Nasce a Geração 80. O Parque da Lage realiza a coletiva Como Vai Você, Geração 80?, coordenada por Marcus Lontra, Paulo Roberto Leal e Sandra
Mager. Daniel Senise, Jorginho Guinle, Jorge Duarte, Leonilson, Beatriz Milhazes, entre outros, são as revelações. A pintura é retomada em reação
à valorização conceitual da década anterior.

• A obra de Andy Warhol, Le Gran Passion, é uma serigrafia, que o artista realizou como parte de uma campanha publicitária da marca de conhaque Passion.

Filmes

Memórias do Cárcere (Nélson Pereira dos Santos).

• Os direitos do filme Metropolis, de Fritz Lang, são licenciados para o compositor Giorgio Moroder, que realiza uma versão esdrúxula de Metropolis, colorizada por computador e detonada pela trilha sonora, que incluía “Love Kills”, de Fred Mercury; “Here She Comes”, de Bonnie Tyler; e “Cage of Freedom”, de Jon Anderson. Essa versão de 87 minutos, deturpada pelo gosto consumista da música pop e da cor artificial, teve apenas um mérito: ser projetada a vinte e quatro quadros por segundo, o que restituiu às imagens – algumas delas invisíveis nas versões anteriores, e mais ainda mutiladas – o seu ritmo original.

• Na première londrina do filme de Paul McCartney Give My Regards to Broad Street, aconteceu uma reunião espontânea de três primeiras damas do rock: Olivia Trinidad Arias (mulher de George Harrison), Linda Eastman (McCartney) e Barbara Bach (Starr).

Obituário

Alice Neel (1900-1984)

30 maio

Salvador. Uma semana antes, Walter Smetak, aos 71 anos, despede-se de todos, monta na sua moto Honda e dá entrada num hospital. Morre de enfisema pulmonar.

29 junho

Samuel Wainer Filho e Felipe Ruiz, jornalistas, morrem, em acidente de carro, ao voltarem da cobertura do acidente aéreo que matou catorze jornalistas, no dia anterior.

13 julho

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Aloísio Batata, Uma lembrança viva
O falecimento de Aloísio Batata em Brasília, vítima aos 20 anos de um tumor maligno na cabeça, significa, além da tristeza no universo cultural do DF o desaparecimento em fase de explosão, de um dos mais promissores talentos da linguagem dramática brasileira.
Aloísio ou, simplesmente Batata, como era carinhosamente conhecido no seu universo, foi sempre um autor de congênita dramaticidade. Seus gestos tinham uma linguagem de homem de palco. Sua voz mesmo depois desgraçada moléstia, que não pôde ser esmagada pelo cuidadoso tratamento, era de um ser translúcidoque vivia mais pela convicção de viver. De viver de bem com a vida.
Não devemos esquecer nunca do Aloísio de bem com a vida.
Mesmo padecendo da cegueira em consequência da sua moléstia, Aloísio não fugia nunca dessa batalha cultural de Brasilia.Lembro da sua última participação como flautista no Teatro Galpão, no mês passado, quando era apresentado o trabalho “Vidas Erradas". Não devemos esquecer o sempre de bem com a vida em todos os seus trabalhos.
Seu Ezio, tá tudo um breu, mas eu tô joia.”
Foi assim que me respondeu a uma das nossas últimas saudações. No seu jeito de enfrentar a moléstia, me lembrava às vezes a postura de com que Brechet lutava contra a angústia da guerra dos nazistas: “Não fazer mal a si próprio nem a ninguém / encher de alegria a todos e a si também – eis o bem”...
Aloísio dava essa sugestão aos seus amigos e aos seus amores nos amava. E todos aceitavam para tentar sepultar a sua angústia que ainda é a angústia de todo mundo, que permanece ainda com medo de dizer até a palavra câncer. Precisamos derrotar a lembrança da morte de Aloísio, essa aranha caranguejeiraque tem a forma de uma tristeza.
Vai Aloísio, vai fisicamente que a sua lembrança ficará viva entre nós.
EZIO PIRES

Aloísio Batata

25 agosto

O escritor Truman Capote morre aos 59 anos, um mês antes de seu 60.º aniversário.

 14 setembro

Richard Brautigan, escritor (1935-1984).

 

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