Alma, Ambição e Os Candangos (2025)
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Videoclipe
Alma, Ambição e Os Candangos
Foto: Marizan Fontinele
Ontem, 10 de maio, a Lua estava visivelmente iluminada e brilhante. Era quase uma cena de filme: poderia muito bem ser um pastiche entre Zé do Caixão e O Bandido da Luz Vermelha. A gente sempre tenta se referir às coisas que ama, nas quais acredita.
Mas o que acontecia, na verdade, era o registro das pré-imagens — quase pré-históricas — do novo videoclipe de "Festa do Além", do cantor, performer, compositor e entrevistador Magu Cartabranca.
Começamos a fazer nossos próprios vídeos musicais no ano passado. Foi a nossa primeira experiência com o objetivo de colocar algo autoral no YouTube: a canção "Valerá". No fim daquela noite, Magu Cartabranca nos disse que uma reunião de amigos como aquela, com aquele fim, só acontecia uma vez ao ano. Era o jeito dele de agradecer por toda a atenção e camaradagem que cercam uma produção fílmica.
Um ano se passou. Com a ausência do guitarrista Balhaio, voltamos com um singelo teaser comemorativo dos meus 50 anos de rock. Quase três minutos de imagens ao vivo, aqui em casa, foram exibidas no último episódio de O Libertário. Fiquei feliz. São raras as vezes em que temos registros de qualidade das bandas que tocam no Do Próprio Bol$o.
Desde que o cineasta e fazedor de videoclipes Valerio Paganelli apareceu em nossas vidas, elas — as vidas — se iluminaram. Em algumas cenas, até nas grandes telas: nas de 55 polegadas e nas do PC. O olhar de Paganelli é simétrico e meticuloso. Não é necessário avisar que ele faz vídeos profissionais para algumas das maiores estrelas do rock brasileiro há décadas.
Paganelli submeteu Magu Cartabranca ao crivo do seu olhar — e gerou imagens espetaculosas. Como somos parceiros de longa data, foi natural que ele aparecesse aqui em casa. Este espaço, então, passou a ser o centro de projetos que envolvem uma câmera e uma ideia.
Sei que Paganelli ficou impressionado com o nosso modo udigrudide fazer as coisas. Ele nos deu esperança: a de uma visão mais generosa sobre aquilo que já fazíamos.
Ontem, a equipe se reuniu novamente para trabalhar em "Festa do Além". Magu Cartabranca é o senhor de um castelo no DF. Sua leitura é interrompida por um uivo. Corte. Entra em cena o corcunda, acenando do alto com sua lamparina para os convidados que chegavam à festa, todos fantasiados: a garota fatal, o monge, o guitarrista, o mágico, o tecladista, o baixista (com sex appeal), e o baterista — o superstar da noite.
No centro do palco, em close dramático: o cantor Magu Cartabranca.
Foi uma experiência divertida — sem ser apenas hilária. A equipe participa ativamente. Apesar do roteiro, algumas improvisações são aproveitadas. A gente se envolve. Participa. E, o mais importante, tem suas ideias respeitadas. Isso é essencial para que tudo não vire apenas repetição.
No fim daquela grande noite iluminada, Magu Cartabranca nos disse:
"Nós fizemos algo que será visto mesmo depois das nossas partidas."
Não achei mórbido. Achei verdadeiro. A gente tem que se divertir mais. Que venham melhores videoclipes, com a participação de mais gente, para rodar esse grande clipe coletivo — sempre tendo como foco Os Candangos, uma das bandas mais atuantes do rock de Brasília. (mário pazcheco)