Dennis Hopper. Duas marcas de bala e outras obras de arte a leilão

 

Dennis Hopper. Duas marcas de bala e outras obras de arte a leilão
por Joana Stichini Vilela
, Publicado em 10 de Janeiro de 2011  

Mao

A colecção privada do actor vai ser leiloada esta semana. O chamariz é uma peça de Warhol co-assinada por Hopper


 

Cena 1

INTERIOR. MANSÃO DE DENNIS HOPPER EM LOS ANGELES. NOITE.

Sozinho em casa, na penumbra, o protagonista de "Easy Rider" vislumbra pelo canto do olho o retrato de Mao Tsé-tung assinado pelo amigo Andy Warhol. Assusta-se. De tal forma que se levanta de um salto e dispara dois tiros. Um acerta no fundo azul-turquesa, outro no olho do líder comunista.

Cena baseada em factos reais ou ficção? Pura realidade. Nota: era o início dos anos 70 e Hopper um actor movido a álcool e drogas. O que se seguiu é ainda mais hollywoodesco. Warhol vê o quadro e adora o resultado. Chama ao primeiro furo, "tiro de aviso", e ao segundo, "buraco de bala". Daí em diante, nos créditos da gravura passa a ler-se, "Andy Warhol em colaboração com Dennis Hopper".

"Mao: One Plate" é uma das cerca de 300 obras de arte da colecção privada do actor que vão a leilão entre amanhã e depois, na Christie''s, em Nova Iorque. Estima-se que as licitações ultrapassem os 20 mil euros. Em conjunto com "Picnic on the Grass", de Bruce Conner, é a peça mais valiosa.

Famoso por filmes como "Easy Rider", "Apocalipse Now" e "Blue Velvet", Dennis Hopper, que morreu o ano passado, era também um auto-intitulado "vagabundo de galerias". Foi o actor Vincent Price que o influenciou nos anos 50, explicando-lhe que a arte era um bom investimento. O ícone da contra-cultura dedicou-se a coleccionar arte do pós-guerra com a mesma intensidade que dedicou à carreira no cinema.

No final da década de 50 já frequentava a cena artística da costa Oeste, também como pintor e fotógrafo. Em 1962, pouco depois da primeira exposição individual de Warhol, pagou apenas 75 dólares por uma das icónicas telas com as latas de sopa Campbell''s. Tinha olho, dizem os especialistas. No ano seguinte tornar-se-ia amigo do artista pop, que o imortalizou em várias peças, incluindo uma polaroid, que também vai a leilão.

Ao longo dos anos, Hopper foi acumulando trabalhos de Julian Schnabel, Roy Lichtenstein, Basquiat, Keith Haring. Estava quase tudo na casa de Venice Beach, na Califórnia, recheada "literalmente do chão ao tecto com arte", de acordo as declarações à Associated Press de um amigo da família e representante do património Alex Hitz.

Agora, vão a leilão obras de Schnabel, Cindy Sherman, Man Ray, um retrato de Hopper assinado por Annie Leibowitz, outro da autoria de Helmut Newton, e muito mais. Os quatro filhos estão a desfazer-se dos bens do pai por vontade dele, asseguram. "Como é que se divide um Warhol e todas essas peças maravilhosas em quatro?", acrescentou Hitz.

Do espólio fazem ainda parte uma série de objectos pessoais, desde porcelanas chinesas e outras antiguidades, a posters de filmes e um guião anotado de "Easy Rider", que escreveu, realizou e protagonizou.

Ao todo, a Christie''s estima realizar entre 696 mil e um milhão de euros. Em Novembro, a venda da primeira parte da colecção rendeu quase 10 milhões de euros. O obra mais cara foi uma tela de Basquiat arrematada por quase 4,5 milhões de euros.


 

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