'AINDA ESTOU AQUI’: WALTER SALLES PREPARA FILME SOBRE CRIMES DA DITADURA MILITAR (2021)

Cine Anos 60

'AINDA ESTOU AQUI’: WALTER SALLES PREPARA FILME SOBRE CRIMES DA DITADURA MILITAR

BRUNO Coelho em: www.papodecinema.com.br/

Walter Salles já definiu seu próximo projeto de longa-metragem. O diretor de CENTRAL DO BRASIL (1998), DIÁRIOS DE MOTOCICLETA (2004) e LINHA DE PASSE (2008) anunciou que está preparando AINDA ESTOU AQUI, um filme baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. Esta é uma história pessoal tanto para Paiva, que conta sua biografia, quanto para Salles, que conviveu com a família do escritor durante a pré-adolescência.

A trama se desenvolve durante a ditadura militar. Quando o pai do escritor, o deputado Rubens Paiva, foi levado para depoimentos pelo governo, nunca mais retornou. Eunice Paiva, esposa do político, lutou durante anos para descobrir o paradeiro e os restos mortais do marido. Ela apenas interrompeu os protestos quando começou a lutar contra o Mal de Alzheimer. Após muitos anos, a COMISSÃO DA VERDADE determinou que Rubens Paiva foi torturado e executado pelos militares.

Salles já escolheu a atriz responsável pelo papel de Eunice Paiva: Mariana Lima, de A BUSCA (2012) e O BANQUETE (2018). “Nós já tínhamos conversado sobre trabalhar juntos, mas eu esperei para encontrar o papel que pudesse realmente explorar o talento extraordinário dela para dar origem a este personagem”, explicou o cineasta ao Deadline. O roteiro foi escrito por Murilo Hauser (A VIDA INVISÍVEL, 2019), com supervisão do diretor. As filmagens se iniciam apenas em 2022, e o Globoplay está em fase de negociações para adquirir os direitos de produção executiva e distribuição no Brasil.

AINDA ESTOU AQUI, ou I’M STILL HERE no título internacional, será comercializado durante o MERCADO DO FILME DO FESTIVAL DE CANNES 2021 – um dos maiores eventos de negócios audiovisuais do mundo. Salles preparou uma apresentação especial a possíveis compradores do mundo inteiro. O projeto se mostra particularmente relevante no BRASIL 2021, impactado pela política da extrema-direita, e governado por um presidente que defende a ditadura, a tortura e os torturadores.

John Fitzgerald Kennedy segundos antes de ser assassinado em Dallas, em 22 DE NOVEMBRO DE 1963

74º FESTIVAL DE CANNES

OLIVER STONE DESMONTA A VERSÃO OFICIAL DO ASSASSINATO DE JFK COM NOVOS DOCUMENTOS ANTES SIGILOSOS

Cineasta apresenta em Cannes um esplêndido documentário com material do Governo norte-americano e que joga por terra os mitos da ‘bala mágica’ e de Lee Harvey Oswald como único franco-atirador

GREGORIO BELINCHÓN - brasil.elpais.com

Cannes - 13 JUL 2021 - 20:30 GMT-3

É provável que nunca se saiba quem estava realmente por trás do assassinato, em 22 DE NOVEMBRO DE 1963, do presidente John Fitzgerald Kennedy. Mas Oliver Stone (Nova York, 74 anos) passou mais de meia vida lutando para desmontar a incongruente versão oficial — na verdade, tanto desse episódio como de outros relacionados aos recantos mais sombrios dos Estados Unidos. Já se passaram 30 anos desde a estreia de seu JFK: A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR, que abriu os olhos de muitos dos seus compatriotas, e de uma maneira ou outra nunca esqueceu o magnicídio na tela, como demonstrou, por exemplo, na série documental A HISTÓRIA NÃO CONTADA DOS ESTADOS UNIDOS. Agora, finalmente, ele tem as provas, graças à decisão, tomada em 2017 pelo então presidente Donald Trump, de tirar o sigilo sobre 2.800 relatórios secretos com mais de três milhões de documentos (embora outros 200, considerados os mais cruciais, ainda continuem inacessíveis). E com eles estreia em Cannes JFK REVISITED: THROUGH THE LOOKING GLASS (“JFK revisitado: através do espelho”), duas horas espetaculares que acabam apontando a CIA e o FBI, se não como culpados, pelo menos como manipuladores de todas as provas.

Na verdade, este novo impulso sobre o caso Kennedy não nasceu de Stone, e sim do seu produtor habitual, Rob Wilson, e o roteiro parte do livro de James DiEugenio sobre o assassinato. No festival é exibida, dentro da seção CANNES PREMIÈRE, a versão de duas horas (a qual será lançada na Espanha, onde já tem distribuição; nos EUA, enquanto isso, continua sem comprador), mas existe uma de quatro horas que foi vista por Thierry Frémaux, o curador-geral do festival. E o que aparece na tela é demolidor. “Fiz isso porque é importante, porque em 1963 aquele assassinato marcou uma geração. Kennedy foi o último presidente norte-americano que lutou de verdade pela paz mundial”, conta Stone. “Kennedy avançou nas possíveis relações com Cuba, negociou com a URSS o tratado de não proliferação nuclear, começou a pensar em tirar os EUA da guerra do Vietnã. Era anticolonialista. O próprio Robert McNamara, seu secretário de Defesa, confirmou isso em suas memórias. Insisto, Kennedy foi o último presidente que realmente tentou mudar as coisas, e isso se voltou contra si.”

Quem matou Kennedy? Lee Harvey Oswald provavelmente não, conforme os relatórios de três investigações governamentais feitas em diferentes décadas. Um general reformado recorda diante da câmera que “Kennedy tinha muitos inimigos”. Stone explica: “Na verdade, não sei o que aconteceu, mas sim o que não aconteceu. E no documentário retrato também o ambiente daquela época. Duvido que hoje a Administração Biden faça algo a mais [para esclarecer o crime], suspeito que nem lhe passe pela cabeça”. E seu produtor salienta: “Em OUTUBRO DE 2017, Donald Trump prorrogou o sigilo oficial desses 200 documentos. E depois anunciou outros DOIS ANOS A MAIS... Continuamos na mesma. Tecnicamente, hoje o Governo está descumprindo a lei”.

Na tela, é analisada prova por prova, também os documentos oficiais e o testemunho dos historiadores que já mergulharam nesses três milhões de documentos. “Aí você tem as trajetórias das balas, a famosa bala mágica [que primeiro atravessou Kennedy e depois deu voltas pelo corpo do governador do Texas, John Connally], o rifle, as fotos, as relações de Oswald com a CIA”, insiste Stone.

Depois de se centrar na investigação da comissão Warren, nomeada depois do assassinato, que distorceu, ignorou e manipulou provas, Stone repassa o material fornecido pela investigação de 1975, feita por uma CPI da Câmara, assim como o trabalho do grupo que reavaliou os documentos desde 1992, para categorizá-los depois da estreia do longa-metragem de 1991, que se centrava no promotor Jim Garrison. Como exemplo hilariante da primeira comissão, um de seus integrantes, Gerald Ford, que chegou a ser presidente, até retocou o diagrama da autópsia para mover a entrada de um disparo; semanas depois, o buraco voltou ao seu lugar original.

 Vários historiadores e especialistas que tiveram acesso aos relatórios na DÉCADA DE 1990 aparecem na tela salientando as incríveis contradições, por exemplo, nos horários da cadeia de custódia das balas e cápsulas encontrados em Dallas. Um dos projéteis apareceu em uma maca onde horas antes havia jazido o cadáver do presidente (ninguém sabe por que não foi descoberta antes). E a tal bala mágica, a que acabou na coxa de Connally, continua intacta, apesar de todo o percurso que fez por dois corpos. “Na autópsia foram feitas dezenas de manipulações, usou-se um cérebro que não era o do presidente, desapareceram fotos”, enumera Stone, que só aparece na tela para dar certa gravidade à ação em Dallas. Em alguns comentários, cai em certa teoria conspiratória que não ajuda o filme.

Nessa análise minuciosa dos documentos, Stone abre outra porta: a da vida de Oswald. E, também com documentos mostra que havia outros dois planos similares de magnicídio em Chicago e Tampa (Flórida), que incluíam outros dois sujeitos que carregariam a culpa. Especialista após especialista, todos apontam a CIA, porque naquele momento conduzia sua própria política externa e o presidente quis acabar com seu reinado. Dois exemplos: a agência cogitou que Kennedy apoiasse um golpe de Estado contra Charles de Gaulle, assegurando a ele que todos os militares franceses estavam contra o seu presidente, por causa da sua intenção de acabar com a guerra da Argélia; e a CIA o enganou quando, desobedecendo suas ordens, os serviços secretos norte-americanos entregaram Patrice Lumumba — primeiro-ministro do Congo derrubado por Mobutu Sese Seko em um golpe military — a seus inimigos para que o assassinassem, apesar de JFK ter lhe prometido proteção. Tudo está documentado e gravado.

Ao final, fica um gosto estranho para o público, que o cineasta explica: “É mais importante sabermos por que Kennedy foi assassinado do que por quem. E foi por seu desejo de paz. Hoje, por que queremos inimigos? Por que mantemos uma política hostil contra Rússia, China, Irã ou Cuba? Precisamos de relações estáveis com esses países, porque a ameaça principal que sofremos atualmente é o aquecimento global. E é um problema mundial que exige soluções mundiais. Os países, as pessoas, estão acima de presidentes ou ditadores”.

 

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