Marchand diz que 75% dos quadros de Dalí são falsos
da Efe, em Barcelona


     O marchand belga Stan Lauryssens apresentou nesta terça-feira um livro de memórias - "Dalí y Yo" - no qual afirma que 75% dos quadros de Salvador Dalí são falsos, mas ressalta que uma parte destes era pintada por outros artistas e finalizada por Dalí, que dava "seu toque surrealista".

     Lauryssens disse à imprensa que nos anos 70 era mais fácil vender um falso Dalí do que um quadro autêntico.

     Nesta segunda-feira, a Fundação Gala-Salvador Dalí emitiu nota qualificando o livro como "falsidade". Em resposta, ontem, o marchand disse que sua intenção não era a de fazer uma grande obra sobre o pintor catalão nem produzir uma crítica de arte, mas simplesmente explicar o passado de Dalí e citar o que pessoas ligadas a ele relataram.

     "O mundo, há 25 anos, era uma sociedade que buscava o enriquecimento rápido e não era difícil encontrar gente que investisse em arte, embora fosse falsa, com a idéia de que em cinco anos venderia a mesma obra e ganharia mais dinheiro", afirmou.

     Na opinião de Lauryssens, entre o final dos anos 60 e início dos 70, o próprio Dalí e sua mulher, Gala, favoreceram a circulação de obras falsas, porque precisavam de dinheiro para manter seu estilo de vida, que incluía, segundo o o marchand, seis meses ao ano nos hotéis mais caros de Nova York e Paris.

     No livro, o marchand se baseia em declarações do secretário de Dalí, John Peter Moore, para calcular em US$ 500 mil (R$ 825 mil) mensais o custo da estadia em Nova York do pintor e seus acompanhantes, além de apontar que o valor "não podia ser atingido vendendo pequenos quadros surrealistas dos anos 30".

     Lauryssens diz que na fundação há "obras falsas" de Dalí, referindo-se às peças em que há apenas contribuição do pintor.

     O marchand afirmou ainda que já há um projeto cinematográfico baseado em seu livro em andamento, cujo elenco contaria com Al Pacino, no papel do pintor, e Cillian Murphy, representando Lauryssens.

     A produção seria dirigida por Andrew Niccol, roteirista de "O Show de Truman - O Show da Vida" e teria estréia marcada para o Festival de Cannes de 2009.

     A imprensa questionou algumas inexatidões do livro, cujo conteúdo foi atribuído pelo autor aos entrevistados, alegando que "se 80% do livro for verdade, ninguém poderá negar que é uma obra genial".

     Lauryssens se definiu como "o mentiroso enganado" e ressaltou que atualmente vive com a consciência tranqüila, sem preocupações.

     "Pelo menos uma vez por mês, tomo uma taça com pessoas para os quais vendia quadros falsos de Dalí", afirmou.

 


Ex-marchand Stan Lauryssens diz em livro que a maioria das obras de Dalí são falsas
Fundação Dalí processará ex-marchand belga por difamar pintor 
da France Presse, em Barcelona  


         10 jun. / 2008 - A Fundação Gala-Salvador Dalí anunciou nesta terça-feira (10) que vai processar o ex-marchand belga Stan Lauryssens por incluir calúnias em seu livro de memória "Dalí y yo".

     
     Na publicação, que será lançada nesta quarta-feira (11), Lauryssens assegura que a maioria das obras do mestre catalão expostas são falsas.

     A entidade, que lamenta a repercussão dada ao autor, quer assim "proteger o bom nome de Salvador Dalí, de sua atividade criadora e do Teatro Museu de Figueras".

     "Nos parece lamentável que a pessoa e a obra de Salvador Dalí se vejam tão injustamente maltratados e que um personagem das características do sr. Lauryssens se permita atentar contra um patrimônio cultural de nosso país com afirmações difamatórias e com uma absoluta falta de coerência e seriedade", conclui o comunicado da fundação.