KEYNES VERSUS HAYEK

Keynes versus Hayek
 
Logo quando aconteceu a revolução comunista na União Soviética, no mundo, houve um tempo que existiram "duas situações".
 
Na primeira, cujo país mais representativo era o Reino Unido, não existia nenhuma interferência do governo no mercado e, basicamente o governo não provia nenhum serviço para a sua população.
 
A segunda situação, era o exemplo comunista onde,  ao contrário dos capitalistas o governo intervinha de forma total no mercado. No governo comunista, como um pai ele era responsável pelos seu filhos que ele controlava com mão de ferro. O governo regulava e controlava tudo. Preços de mercadorias e serviços, salários e oferta de trabalho, importação/exportação, serviços básicos, saúde, escola, transporte, tudo! Quer dizer eram dois extremos.
 
Nesta época, enquanto nos governos capitalistas o mercado encolhia, o modelo comunista mostrava que funcionava e progredia. Em um certo momento um terço da população do planeta aceitou-o como modelo ideal.
 
Naturalmente o capitalistas prestaram atenção. Já naquele período existiam dois intelectuais com pensamentos diretamente opostos. Um era John Maynard Keynes e o outro Friedrich August Von Hayek.

John Keynes foi um economista britânico que influenciou o mundo inteiro com suas ideias que ficaram conhecidas como Economia Keynesiana (Keinesian Economics).  Ele acreditava que o governo deveria ser  intervencionista onde através de uma política monetária e fiscal controlaria os efeitos negativos da recessão e depressões. Ele também acreditava que o governo deveria controlar um grupo de empresas estratégicas. Ele foi o economista pai da idéia da macroeconomia. Foi ele que inventou todos os conceitos que conhecemos hoje como, inflação, controle de salários, controle de importação/exportação, etc.

Friedrich Hayek, era um economista e filósofo político austríaco/britânico. Ele era um clássico liberal que defendia o "mercado livre capitalista" e era contra o socialismo e coletivismo. Haykek ganhou o Premio Nobel de Economia em 1974. Ele achava que a economia se ajusta a si mesma e não

John Keynes
John Keynes

Friedrich Hayek
Friedrich Hayek

deve sofrer intervenção ou "regulamentação" governamental. Se a inflação está alta, deixa o povo perder o emprego e morrer de fome, são "infelizmente" coisas que tem que acontecer até tudo normalizar-se por si mesmo... Sua política é uma política sem humanidade. Hayek tinha um forte sotaque que parecia alemão.

Depois da Segunda Guerra Mundial, Churchill o Primeiro Ministro Inglês achou que devido a vitória dos ingleses contras os nazistas, sua reeleição estava garantida. Ele era a favor dos pensamentos de Friedrich Hayek. O povo depois de uma guerra contra os alemães não confiou em colocar o país nas mãos de uma pessoa com sotaque parecido com alemão e Churchill perdeu vergonhosamente.

O povo queria continuar com a mesma atitude cooperativada e de esforço mútuo que tinha sido usada no tempo de guerra.

Labor, o partido dos trabalhadores inglês ganhou e abraçou imediatamente John Keynes. Então, uma revolução aconteceu no Reino Unido com o governo criando várias empresas: Correios, transportes, telecomunicações, etc. Foi criado o sistema de aposentadoria, saúde, sindicatos e o Banco Central.
 
O Inglaterra criou um "capitalismo mais social", prosperou e exportou suas idéias para o mundo todo. O Brasil também foi influenciado e fez o mesmo.
 
Friedrich Hayek, que não acreditava em interferência do estado, levou ovo, passou tempos difíceis mas não parou, continuou escrevendo seus livros e dando aulas. Ele achava que controle estatal era o primeiro passo para um governo totalitário e fascista.
 
À meu ver, parece-me que tanto um sistema quanto o outro tem um tempo de vida e saturação.
 
A verdade é que, no governo Labor, depois de um tempo crescendo, a economia passou mal e a inflação ficou fora de controle. O governo que era intervencionista, para acabar com a mesma tentou controlar os salários. Uma onda de descontentamento tomou conta da Inglaterra, os sindicatos puseram seus músculos para funcionar e tudo parou. Médicos, enfermeiras, professores, lixeiros, etc., todo mundo entrou em greve. Nem preciso dizer que quando falta comida no prato, o povão troca de "camisa" rapidinho (é porisso que a cesta básica nunca vai acabar).
 
A líder do Partido Conservador, Margareth Thatcher, a dama de ferro, ganhou as eleições. Ela era fervorosa adepta dos pensamentos do Friedrich Hayek e imediatamente colocou em prática suas idéias. Naquela época haviam 180.000 mineiros extraindo carvão em minas que eram consideradas não lucrativas para o governo. Ela confrontou o sindicato e a conseqüente greve que se seguiu. No final, Thatcher ganhou a briga!
 
Foi uma tragédia para esta classe operária que hoje não passam de 3.000 trabalhadores. Com esta vitória Thatcher tirou o poder dos sindicatos e começou duas coisas que o mundo até hoje vem fazendo: A privatização de empresas estatais e a desregulamentação onde o governo deixa de controlar entre outras coisas o aumento de produtos e salários.
 
Curiosamente no mesmo período, na America do Norte, outro presidente assumia e defendia os mesmos ideais da Thatcher, Ronald Reagan. USA vivia uma inflação danada e quando ele assumiu, soltou as rédeas e deixou a coisa afundar mais. A idéia é que tem que deixar a coisa ficar pior até que o mercado encontre seu próprio equilíbrio. A verdade é que, depois de uns 3 anos de miséria o mercado realmente achou o seu ponto de equilíbrio, começou crescer e a economia Norte Americana prosperou. Foi uma vitória para Friedrich Hayek.
 
No Reino Unido a ganância da Thatcher querendo taxar mais o povo, fez os Conservadores ingleses perderem o poder mas o novo governo Labor continuou seguindo a mesma política monetária do governo anterior pois Gordon Brown então Chefe do Tesouro do governo do Primeiro Ministro Tony Blair e agora o novo Primeiro Ministro é fã assumido da Margareth Thatcher. Infelizmente, Labor mudou de nome para New Labor e traiu os interesses dos trabalhadores e sindicatos.
 
No Brasil o Partido dos Trabalhadores fez exatamente o mesmo. Seguindo o governo anterior do Fernando Henrique Cardoso, continuou a política de privatização e desregulamentação. Hoje no Brasil os bancos internacionais fazem a festa.
 
Com o advento da Globalização e sem nenhum tipo de controle no mercado e, considerando-se que a idéia por traz do Capitalismo é ganhar o maior lucro possível e pagar o menos possível, bolhas mentirosas foram criadas em várias áreas do mercado com a especulação nas bolsas de valores do mundo correndo solta.
 
À meu ver, o que estamos vivenciando agora é o fim de um ciclo. O fim do "mercado livre (Open Market)" onde aparentemente o governo terá que intervir novamente. Evidentemente governos terão que cair antes que algo aconteça e, mesmo assim com a realidade globalização e interdependência dos mercados financeiros ficou muito difícil criar-se uma política intervencionista. Gordon Brown seguindo a política monetária da Thatcher no governo Blair possivelmente ajudou construir o Frankenstein que o destruirá neste governo.
 
Nunca devemos esquecer que em tempos de depressão, os países do Primeiro Mundo, para se safarem dos seus problemas, criam Guerras Mundiais onde as outras nações do mundo no final são obrigadas à "pagar" pelo "esforço, dedicação e sacrifício" dos Norte Americanos e Europeus.
 
Acho que quando a coisa fica preta os países do Primeiro Mundo fazem de tudo para apertar o cinto do Terceiro Mundo e ver se pegam mais dinheiro deles usando taxa de juros absurdos. Obviamente, neste período conturbado, novos inimigos serão criados ou os velhos serão ressuscitados onde, através da justificativa de segurança interna nova leis serão criadas para controle da população com grande restrição ao movimento de imigrantes. Fiquem de olho!
Antonio Celso Barbieri