Nursery Rhymes: As Bruxas Suecas do Rock Psicodélico (1966)
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Fonte: Historic Hearts Whisper
No crepúsculo dos agitados anos 60, por volta do final de 1966, o Cromwellian Club em South Kensington pulsava com a revolução sonora quando o grupo sueco Nursery Rhymes chegou à cena underground em expansão de Londres. Abrindo a temporada em 6 de dezembro, elas dividiram o palco, iluminado por néons, que já fora de Jimi Hendrix e Eric Clapton. Formado pela guitarrista e vocalista Inger Jonsson, a poderosa percussionista Birgitta Nordgren, a vibrante Noni Tellbrandt, a vocalista etérea Marie Selander e a baixista Gunilla Karlow, o grupo representava uma corrente contracultural nórdica que atravessava a capital britânica.
Vindas do enclave artístico de Södermalm, em Estocolmo, trouxeram uma fusão de sensibilidade folk e ousadia elétrica que desafiava tanto as barreiras geográficas quanto os padrões de gênero. Suas harmonias — impregnadas de melancolia sueca e brilho de Carnaby Street — ecoaram pelos becos de Soho e pelos estúdios da BBC.
No início de 1967, o Nursery Rhymes conseguiu agendar gravações no Regent Sound Studios, antigo refúgio dos Rolling Stones. Em sessões realizadas sob luzes esfumaçadas e os toques distantes do Big Ben, gravaram demos inéditas que, segundo rumores, misturavam elementos psicodélicos com canções de ninar suecas. O figurino do grupo — vestidos vintage garimpados em Portobello Road e kaftans feitos à mão em Östermalm — tornava-se uma extensão de sua identidade sonora.
Numa noite lendária no Speakeasy Club em Fitzrovia, Marianne Faithfull teria elogiado a apresentação delas como “mística e maravilhosa”. Em uma breve turnê com os Kinks por Liverpool, Leeds e Manchester, impressionaram o público com performances hipnóticas, especialmente com sua versão arrepiante de “Björken Står” — uma balada folk sueca reinventada com guitarras distorcidas e ritmos tribais.
No entanto, a fama permaneceu inalcançável. Por volta do outono de 1968, tensões internas e mudanças culturais levaram o grupo a se dissolver discretamente após um último show no Café Opera, em Estocolmo. Apesar da curta passagem pelos holofotes, sua influência perdurou em discos piratas de vinil e retrospectivas feministas sobre música. Hoje, o Nursery Rhymes é celebrado não apenas como uma anomalia escandinava, mas como uma voz pioneira na história transnacional das mulheres no rock, com sua trajetória registrada tanto em arquivos suecos quanto em panfletos esquecidos de shows londrinos.