OZZY OSBOURNE: O FEITICEIRO VODU DO RITMO DO DIABO (1983)

 

 

Ozzy Osbourne: o feiticeiro vodu do ritmo do diabo
Texto: Mário Pazcheco - 10.000 dias de rock
Revisor: Luís Eduardo

 
 
Existem pessoas que não sossegam, Ozzy Osbourne é dessas pessoas. Depois de ter sido vocalista do Black Sabbath, por dez anos, ele resolveu investir em carreira solo.
 
Qual o segredo ou a força oculta que Ozzy usa para enlouquecer as exigentes plateias europeias e americanas?
 
Nem tudo foi sempre sucesso na vida de John Osbourne, nascido a 3 de dezembro de 1948, na industrial Birmingham. Na adolescência, pensou em ser cantor, e a música, sua maior paixão, o tirou do bairro de Aston.
 
Trinta anos depois, em 1978, Ozzy Osbourne foi expulso do Sabbath. Além das divergências musicais, ele bebia muito, e havia falado mal dos outros membros da banda na imprensa. Abandonou as libras, evitou os fãs satanistas, e foi viver uma vida doméstica, no campo, com a família.
 
Quando tudo indicava que Ozzy teria deixado a vida artística, ele resolve voltar. Não aguentou ficar muito tempo longe dos holofotes e do calor do público, formou um grupo de apoio. Mas suas preocupações estavam voltadas para a recepção do público, vendas do novo disco, e também um certo medo de cair na estrada. Com certeza, o público preferiria o Sabbath...
 
Com a volta, montou-se um verdadeiro circo de horrores e boatos sobre a sua possível morte. Tudo isso de fato foi divulgado em jornalecos, que disseram ter Ozzy arrancado a dentadas a cabeça de um morcego, que havia sido jogado por um fã. Detalhe: o morcego estaria vivo! E depois desse ritual Ozzy teria ainda devolvido à plateia o animal. Em consequência da atitude, Ozzy teria falecido vítima de hidrofobia...?
 
Rolou confirmação do "fato" em Brasília, numa FM. Descobri a verdade seis meses depois... Como o cara teria mordido o simpático animal e ficado com hidrofobia? Não teria sido o caso o inverso, gente boa? Por precaução, Ozzy deve ter tomado as dolorosamente inusitadas antirrábicas.
 
Com a farta divulgação do episódio esquisito, Blizzard of Ozz, o primeiro LP, vendeu muito bem. Nesse disco, a música de mais sucesso foi "Crazy train". Ozzy nos vocais, Lee Kerslake na bateria, Bob Daisley no baixo, e o grande guitarrista Randy Rhoads.
 
Eleitos a melhor banda ao vivo de 1981, o destaque era Randy Rhoads, guitarrista exímio, de 24 anos. Ex-professor de música, solava rápido como um beija-flor, com sua técnica flamenca. Aceitos de imediato pela crítica e público, lançam o LP Diary of Madman, quando Kerslake e Daisley partiram para compor uma formação do Uriah Heep. Assim, abriram vagas para Rudy Sarzo (contrabaixo) e Tommy Aldridge (bateria). Novas excursões pela Europa, onde bisam o sucesso anterior na Alemanha, especialmente, e chega a vez dos Estados Unidos, que percorrem costa a costa, num ônibus. No controle, Sharon Arden.
 
Dentro do ônibus, uma geladeira cheia de sodas, cervejas e sucos naturais. Também uma tevê e vídeo-cassete, e logicamente os filmes de terror. Doze, exatamente.
 
Nas apresentações, Ozzy está de novo visual, com sombra nos olhos e apenas a calça de malha. Podem-se ver as suas tatuagens, nos antebraços e no peito. Para quem não sabe, Ozzy tem seu próprio nome tatuado nos quatro dedos da mão esquerda.
 
Anteriormente ele teve problemas com a “Associação Protetora dos Animais”, por causa de sacrificados em shows, e em seguida com “A Liga Familiar”. Assim como a polícia, tenta impedir novas apresentações de Osbourne. Mas, depois de tudo justificado às autoridades, tim-tim por tim-tim, ele prossegue com seus demonismos. Mas o diabo é impaciente. Em troca do sucesso, algo teria que ser entregue. De preferência, claro, a alma não-vendida. Mas... "they sold their souls to rock'n'roll"? A polêmica não foi resolvida ainda, parece.
 
No dia 19 de março de 1982, Randy Rhoads, guitarrista e amigo de Ozzy, "bate as botas". Foi um acidente estúpido, onde morreram também o piloto e uma arrumadeira: Randy saiu para um passeio de Bonanza, e na aterrisagem a pequena nave foi diretamente de encontro à casa onde estava a Blizzard of Ozz. O pessoal escapou a tempo, mas o avião explodiu. Aos 25 anos, o talento e a rapidez de Randy sucumbiram, junto com a vontade que havia confessado de deixar o business. O inconformado Ozzy declarou: “Nunca haverá outro igual!” E no mundo dos boatos rolou um papo de que a mãe de Randy estaria processando a companhia aérea a que o piloto pertencia. Porque o brevê dele estava vencido. Ele não poderia, portanto, pilotar.
 
Ozzy ficou muito deprimido com a morte de Randy, e cancelou várias apresentações. Mas cumpriu algumas, com o guitarrista Bernie Tormé (ex-Gillan Band), que não aprovou.
 
Ozzy se casou com Sharon Arden, sua empresária, no final de 1982. Passaram a lua de mel no Havaí.
 
Para 1983, havia a expectativa de um álbum duplo, "ao vivo", “Speak of the Devil”, que reuniria músicas do Sabbath e dele. Randy Rhoads não teve tempo de participar do projeto, o guitarrista foi Brad Gills.
 
Atualmente Ozzy muda de músicos de apresentação em apresentação. E a “A Liga das Igrejas Cristãs” o combate...

Existem pessoas que não sossegam, Ozzy Osbourne é dessas pessoas. Depois de ter sido vocalista do Black Sabbath, por dez anos, ele resolveu investir em carreira solo.

Qual o segredo ou a força oculta que Ozzy usa para enlouquecer as exigentes plateias europeias e americanas?

Nem tudo foi sempre sucesso na vida de John Osbourne, nascido a 3 de dezembro de 1948, na industrial Birmingham. Na adolescência, pensou em ser cantor, e a música, sua maior paixão, o tirou do bairro de Aston.

Trinta anos depois, em 1978, Ozzy Osbourne foi expulso do Sabbath. Além das divergências musicais, ele bebia muito, e havia falado mal dos outros membros da banda na imprensa. Abandonou as libras, evitou os fãs satanistas, e foi viver uma vida doméstica, no campo, com a família.

Quando tudo indicava que Ozzy teria deixado a vida artística, ele resolve voltar. Não aguentou ficar muito tempo longe dos holofotes e do calor do público, formou um grupo de apoio. Mas suas preocupações estavam voltadas para a recepção do público, vendas do novo disco, e também um certo medo de cair na estrada. Com certeza, o público preferiria o Sabbath...

Com a volta, montou-se um verdadeiro circo de horrores e boatos sobre a sua possível morte. Tudo isso de fato foi divulgado em jornalecos, que disseram ter Ozzy arrancado a dentadas a cabeça de um morcego, que havia sido jogado por um fã. Detalhe: o morcego estaria vivo! E depois desse ritual Ozzy teria ainda devolvido à plateia o animal. Em consequência da atitude, Ozzy teria falecido vítima de hidrofobia...?

Rolou confirmação do "fato" em Brasília, numa FM. Descobri a verdade seis meses depois... Como o cara teria mordido o simpático animal e ficado com hidrofobia? Não teria sido o caso o inverso, gente boa? Por precaução, Ozzy deve ter tomado as dolorosamente inusitadas antirrábicas.

Com a farta divulgação do episódio esquisito, Blizzard of Ozz, o primeiro LP, vendeu muito bem. Nesse disco, a música de mais sucesso foi "Crazy train". Ozzy nos vocais, Lee Kerslake na bateria, Bob Daisley no baixo, e o grande guitarrista Randy Rhoads.

Eleitos a melhor banda ao vivo de 1981, o destaque era Randy Rhoads, guitarrista exímio, de 24 anos. Ex-professor de música, solava rápido como um beija-flor, com sua técnica flamenca. Aceitos de imediato pela crítica e público, lançam o LP Diary of Madman, quando Kerslake e Daisley partiram para compor uma formação do Uriah Heep. Assim, abriram vagas para Rudy Sarzo (contrabaixo) e Tommy Aldridge (bateria). Novas excursões pela Europa, onde bisam o sucesso anterior na Alemanha, especialmente, e chega a vez dos Estados Unidos, que percorrem costa a costa, num ônibus. No controle, Sharon Arden.

Dentro do ônibus, uma geladeira cheia de sodas, cervejas e sucos naturais. Também uma tevê e vídeo-cassete, e logicamente os filmes de terror. Doze, exatamente.

Nas apresentações, Ozzy está de novo visual, com sombra nos olhos e apenas a calça de malha. Podem-se ver as suas tatuagens, nos antebraços e no peito. Para quem não sabe, Ozzy tem seu próprio nome tatuado nos quatro dedos da mão esquerda.

Anteriormente ele teve problemas com a “Associação Protetora dos Animais”, por causa de sacrificados em shows, e em seguida com “A Liga Familiar”. Assim como a polícia, tenta impedir novas apresentações de Osbourne. Mas, depois de tudo justificado às autoridades, tim-tim por tim-tim, ele prossegue com seus demonismos. Mas o diabo é impaciente. Em troca do sucesso, algo teria que ser entregue. De preferência, claro, a alma não-vendida. Mas... "they sold their souls to rock'n'roll"? A polêmica não foi resolvida ainda, parece.

No dia 19 de março de 1982, Randy Rhoads, guitarrista e amigo de Ozzy, "bate as botas". Foi um acidente estúpido, onde morreram também o piloto e uma arrumadeira: Randy saiu para um passeio de Bonanza, e na aterrisagem a pequena nave foi diretamente de encontro à casa onde estava a Blizzard of Ozz. O pessoal escapou a tempo, mas o avião explodiu. Aos 25 anos, o talento e a rapidez de Randy sucumbiram, junto com a vontade que havia confessado de deixar o business. O inconformado Ozzy declarou: “Nunca haverá outro igual!” E no mundo dos boatos rolou um papo de que a mãe de Randy estaria processando a companhia aérea a que o piloto pertencia. Porque o brevê dele estava vencido. Ele não poderia, portanto, pilotar.

Ozzy ficou muito deprimido com a morte de Randy, e cancelou várias apresentações. Mas cumpriu algumas, com o guitarrista Bernie Tormé (ex-Gillan Band), que não aprovou.

Ozzy se casou com Sharon Arden, sua empresária, em julho de 1982. Passaram a lua de mel no Havaí.

Para 1983, havia a expectativa de um álbum duplo, "ao vivo", Speak of the Devil, que reuniria músicas do Sabbath e dele. Randy Rhoads não teve tempo de participar do projeto, o guitarrista foi Brad Gills.

Atualmente Ozzy muda de músicos de apresentação em apresentação. E a “A Liga das Igrejas Cristãs” o combate...

 

Publicado no fanzine, Jornal do Rock nº 6 - Maio/Junho 1983 - Guará "Rock City"