Siloé Bertin no Guará 2 – Um Viajante em Busca da Essência (2025)
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AVENTURA – O orleanês, de 22 anos, partiu para uma volta ao mundo de carona. Faz um balanço após cinco meses de viagem.
Siloé Bertin em pleno percurso iniciático
Siloé Bertin, 22 anos, deixou a metrópole, seus amigos e sua família em novembro.
Seu projeto: passar vários anos viajando de carona, de continente em continente.
Por Maudie Mielczkowicz
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No dia 20 de dezembro, Siloé Bertin se encontrava em um barco e planejava chegar ao Brasil. Cinco meses depois, ele nos escreve com alegria: “Consegui atravessar o Atlântico e fiz metade do Brasil de carona!”.
Sim, ele atravessou o mar a partir das ilhas Canárias, chegou ao arquipélago de Fernando de Noronha, depois foi até o Vale do Capão, no coração do parque nacional da Chapada Diamantina, na Bahia. E isso é apenas o começo: antes disso, ele passou por muitas coisas!
“Uma boa lição :)”
Em Cádiz, pouco antes do Natal, ele ficou doente com uma infecção urinária. “Foi um golpe. Eu tinha que me recuperar antes de embarcar.”
Quando chegou ao Brasil, ele estava exausto. “Tive febre alta por alguns dias. Eu dormia numa rede. Acordava ensopado de suor.”
Ele acampou em uma caverna perto de uma praia e ficou muito doente. “Eu me sentia como se tivesse 40ºC de febre.”
Ele teve que caminhar por horas para alcançar a civilização…
“Acabei pegando um quarto de hotel para descansar. Mas em Lençóis é tudo caro. Já gastei demais.”
Recuperado, ele continuou rumo às Palmeiras, para descansar. “Mas não me dava bem com as pessoas. Percebi que precisava parar de buscar algo de imediato.”
Então ele se uniu a uma comunidade espiritual onde ajudava a colher cogumelos e se juntava aos moradores para fazer pão.
“Era ótimo, mas me sentia limitado. Certas pessoas passam anos lá. Eu queria continuar explorando.”
Na Chapada, ele também viveu momentos muito intensos.
“A travessia durou cerca de seis dias. Siloé foi sozinho, mas encontrou dois israelenses que o acompanharam.
“Dormíamos sob as estrelas, víamos os lençóis de nebulosas e de estrelas cadentes. Era de uma beleza luminosa!”
Foi quase divino, diz ele.
A ansiedade desapareceu diante da beleza do mundo. “Foi uma lição de humildade, um presente da vida.”
Em Capão Velho, ele descobre o Santo Daime, uma religião sincrética baseada na ayahuasca.
Com Margaux, uma amiga, ele faz sua primeira cerimônia.
“Foi muito forte, a bebida mexe com emoções profundas.
Ela traz imagens, emoções, memórias.
É também um ritual de música, de talento e de intensidade.
Eu sentia medo de morrer, um monte de angústias.
A claustrofobia, os exercícios de meditação para se acalmar, e o gratinado de batata dos franceses ajudam a reconfortar…”
"Estou em uma dimensão muito próxima do maravilhoso!"
Em 5 de março, ele desembarca em Fortaleza. “Eu sonhava em ir ao Rio para o carnaval. Mas finalmente decidi mudar os planos e fui de carona até Recife.”
“Não pegamos ônibus, nem avião, tudo de carona.”
No seio de uma comunidade do Santo Daime, Siloé faz mais uma cerimônia de Ayahuasca — “uma bebida feita com plantas, que induz estados alterados de consciência”.
Dessa vez, a experiência foi mais apaziguadora.
“Eu entendi que minha relação com o mundo espiritual está apenas começando.
Preciso aprender a acolher o que vem sem medo.
No começo, esse chá filtra tudo.”
Os que não são simpáticos nem param.
Na Chapada Diamantina, ele fez trabalho voluntário em troca de cama e comida, em uma fazenda onde faziam crescer cogumelos, inclusive psicodélicos.
Depois, uniu-se a outra comunidade que o convidou para uma cerimônia de rapé (pó de tabaco indígena), e outra cerimônia tradicional com chá da floresta.
Ali, conheceu uma terapeuta israelense.
“Ela me incentivou a escrever sobre mim, sobre o que vivi desde que saí. Depois, vivi uma república com artistas.
Eles me fizeram descobrir cachoeiras, grutas, danças... Essa viagem me colocou em uma dimensão muito próxima do maravilhoso!”
E o futuro?
No Brasil, ele vê sua viagem se estendendo com uma possível extensão como refugiado espiritual.
Hoje, ele está em Santa Catarina, e depois pretende visitar o sul do Brasil, o Uruguai, a Argentina, e o resto da América Latina.
A viagem de Siloé está apenas começando.
"Oi Siloe. Seu artigo está no jornal hoje... Estamos pensando em você e te desejamos um belo domingo."
A vida como ela é
21 de junho de 2025 – O jornalista e fotógrafo Léo Saraiva me contou sobre um achado valioso em um quiosque entre as quadras QE 26/28, no Guará 2. Tudo começou com um encontro casual, mediado pela presença de uma kombi estacionada no gramado.
Siloé Bertin se aproximou com duas perguntas simples: queria saber de quem era a kombi e se poderia se sentar à mesa com os dois rapazes – Léo e Afrânio.
No outro dia, Léo me ligou perguntando se poderia levar Siloé para conhecer o Museu do Rock. E assim foi feito.
Segundo Léo, Siloé Bertin é um verdadeiro amuleto. Um garoto carregado de afeto, que no primeiro contato já oferece um abraço, e se despede do mesmo jeito – com outro.
A tarde foi leve e agradável, como uma brisa suave que sopra memórias: revivemos encontros passados com outros andarilhos culturais que cruzaram nossos caminhos. (mário pazcheco)
Foto: Léo Saraiva
Na imagem, vemos Mário Pazcheco e Siloé Bertin em um momento de descontração e afeto no Guará, região administrativa de Brasília. A luz suave da tarde banha a cena com um ar acolhedor, revelando a leveza e o calor humano do encontro.
Siloé, com sua camisa azul vibrante e cabelo encaracolado solto ao vento, parece encarnar o espírito livre de um viajante, enquanto Mário, com uma camiseta estampada com ícones culturais, se mostra sereno e receptivo.
O gesto de companheirismo — com os braços nos ombros um do outro — transmite a sensação de acolhimento entre gerações, como se ali se cruzassem caminhos de histórias, sonhos e trajetórias distintas, mas sintonizadas pelo afeto e pela arte.
A cena acontece diante de um espaço com vegetação e elementos culturais ao fundo, sugerindo um ambiente de trocas, talvez um reduto alternativo, um ponto de encontro de ideias e vivências.
É uma imagem que capta mais do que dois corpos juntos: captura o espírito de uma amizade improvável e preciosa, nascida de uma curiosidade mútua, uma Kombi parada e a disposição para escutar e compartilhar.