ROCK HORROR SHOW NO PLANETA XUXA

"Nos seus textos fica claro que o rock é claramente estudantil. Dependendo de caronas de amigos sempre pegando ônibus e às vezes sem nem ter como voltar para casa dependendo de conhecidos para a volta" (Alexandre Lopes)

Mário Pazcheco
Ontem às 10:39 ·

rock bsbO que ninguém escreve é que o contrato era tão injusto que algumas bandas não assinaram e ficaram de fora do disco. Cécé, um dos grandes guitarristas de Brasília que deixaram saudades, disse que uma das estratégias das gravadoras para impedirem as bandas de ficarem batendo às suas portas era lançar o pau de sebo (coletânea) e queimar os músicos - na época esse comentário avançado me pareceu estranho mas mais na frente a ficha caiu.

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Be Good Johnny saiu da capital para gravar. O som de contrabaixo da banda era avançado, faltavam grooves mas seu pique ósseo na escala de dó maior e os dedos da mão esquerda deslizando na escalas como numa prancha no mar ondulavam carisma. Falaram que certas deficiências ajudam em outros resultados e se os nossos ouvidos não fossem melhores do que os dele, que nós jamais falássemos mal dele porque ele era seu amigo: dito e feito. Na mixaria do tempo regrado às duras regularam o som para gravar no estúdio e caíram na besteira de fazer uma pausa para lancharem. Quando voltaram descobriram que os seus instrumentos foram mexidos que na ausência deles fizeram jams no estúdio. Be Good Johnny constatou: fomos sabotados e assim foi gravado o disco que nunca saiu. A banda morreu, os músicos morreram e o disco nunca saiu. Be Good Johnny à época reclamou nos jornais: 'fomos maltratados' . 30 anos depois a história muda Be Good Johnny ainda correndo atrás dos holofotes ou mais experiente opta por "esquecer" esse capítulo. De onde, você tirou isso, Mário? De cabeça, das conversas, das drogas ou da vida? Que tal praticar o jornalismo musical investigativo? Eu prefiro mentir soando como verdade mas cuidado que alguns daqueles que estiveram na sessão podem confirmar.

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Brasília era incrivelmente pequena porém vasta e distante aos 20 e poucos anos sentíamos como velhos nessa de abandonar os livros e correr atrás das emoções: viagens de fiat-uno acampamentos e festinhas e fogueiras. Ainda tínhamos o emblema de Woodstock - nos reuníamos nas pausas e o papo era sobre revistas - eu punha as notícias que vinham da estante do Danny - a mídia de Brasília escrevia sobre o o rock local que era o único lugar do mundo onde se falava do rock Brasília. Íamos na Concha no Sig (afastado pra caraí para ver aquelas bandas faladas que só duraram uma apresentação (geralmente góticas). Nosso núcleo apresentava os novos discos que podiam ser velhos e suas influências - o papo resvalava como foi feita a foto no parque gráfico do Correio Braziliense? Como foi feita a gravação do clipe para o Jornal do Meio-dia? E a guitarra sempre emprestada. Como foi a última jam com o Gafanhoto? A rede de informantes era extensa como a legião urbana dos livros de William Burroughs.
Cheiro de Vida e Violeta de Outono eram as bandas que marcavam o som deles. O nome da próxima banda será Elemento X e Joelzinho passará o link e os velhos contatos serão retomados. Havia muitas bandas agora tocando nas quadras do Guará. Mas esse tempo de correr para pegar o ônibus do Grande Circular para tocar passou, o lance será rock de chácara estridente e longamente instrumental ou isso foi há 30 anos atrás.

13 mai. / 2018 - cada geração encarnará a própria tragédia, seus deslocamentos e os desvios e as vias de mão dupla. Todos os escritos deste sábado são verdadeiros. Ligados a eles, os mais radicais defensores da memória que viveram a época reconhecem a narrativa de dom Bosco do Detrito Federal a Carla da dinastia Graciano. Conto história de forma bastante ficcional: a coisa tem que começar comigo bêbado repetindo: toda a coisa foi um pau no cu! nome do doc? A coisa foi meio que um pau no cu. Escreverei sobre isso palavra por palavra (só preciso arranjar um tempo). Sim, o velho rock pau no cu. Sim, a longa descida da pop de carrinho de rolimã. Todo esse cenário de bicha dos 70s que a novela usou ainda ontem para encerrar o capítulo final.

"Marciano Sodomita" (letras arranjos devaneios by Marciano Sodomita)

Janelas azuis / Atrás de estrelas
Uma taça avermelhada de lua
Um rock pro cu
Pintando no horizonte
No papel higiênico branco
Limpando o traseiro banco do carro
Um rock pro cu / Um rock pro cu
Joelhos, calças, sapatos
Vidros ofegantes
Faróis embaçados
E pequenos esfolões de sacanagem
Um rock pro cu / Um rock pro cu
Um, dois, três dedos
Numa má posição
Distendeu-se meu tesão
Numa má posição
Distendeu-se meu tesão
Amando de quatro rodas
Pela madrugada a fora

Desceu ele à Terra / Para como os romanos / Levar para outras galáxias
O prazer divino / Um rock pro cu / Pintando em qualquer canto
Que você aporte / Um rock pro cu / Um rock pro cu / Um rock pro cu