1963: UM ANO DE LOUCURAS

  

1963: Um ano de loucuras
(Cinthia Rodrigues*)

 Andy Warhol usava métodos não convencionais para pintar. Dizia que precisava esvaziar a mente enquanto trabalhava, e para isso ouvia discos de rock no último volume, ligava o rádio para ouvir ópera e deixava a tevê ligada sem som. Tudo ao mesmo tempo dentro da 'Factory', uma sobreloja alugada no bairro de Greenwich Village, em Nova York. "Se tudo isso não esvaziasse minha mente, eu abria uma revista e lia parcialmente um artigo", dizia Warhol.

Detalhes da rotina de criação de Warhol e de outros artistas que moravam no Village, em 1963, recheiam o livro de Sally Banes, professora de História da Dança e do Teatro da Universidade de Wisconsin. Além da arte pop de Warhol, Banes descreve os loucos 'happenings' (espetáculos mambembes em que os artistas misturavam teatro, artes plásticas, poesia e dança), o surgimento do teatro 'off-off Broadway' e a atuação dos grupos Living Theater e Fluxus. Este último contava, entre os integrantes com Al Hansen (avó do músico Beck) e Yoko Ono. Pelo relato de Banes, conclui-se que os artistas do Village daqueles tempos tiveram muito mais do que alguns minutos de fama.

*Texto originalmente publicado em 'Época', 11 out. / 1999